Senado aprova projeto que restringe benefício da saída temporária para presos condenados em datas comemorativas e feriados.

O Senado aprovou por 62 votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção, o projeto de lei (PL) 2.253/2022 que restringe o benefício da saída temporária para presos condenados. A proposta, que teve como relator o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), teve tramitação na casa legislativa após vir da Câmara dos Deputados, onde foi apresentada pelo deputado Pedro Paulo (PSD-RJ). O projeto inicialmente previa a revogação total do benefício da saída temporária, mas acabou sendo alterado para permitir as saídas de presos que estudam.

A prática popularmente conhecida como “saidinha”, que possibilita a liberação temporária de presos em datas comemorativas e feriados, é extinta pelo texto aprovado no Senado. A proposta agora volta para a análise dos deputados. A revogação do benefício foi objeto de polêmica entre os parlamentares, culminando em mudanças no texto original. Uma das emendas aceitas, proposta pelo senador Sergio Moro (União-PR), manteve a possibilidade das saídas temporárias, desde que os presos estejam inscritos em cursos profissionalizantes, ou nos ensinos médio e superior, e apenas pelo tempo necessário para realização dessas atividades.

Além disso, a emenda reverteu a exclusão total do benefício, mas ampliou as restrições para presos que cumprem pena por crimes hediondos, ou cometidos com violência ou grave ameaça contra pessoa. O texto também sofreu uma homenagem ao sargento Roger Dias da Cunha, da Polícia Militar de Minas Gerais, determinando que a lei, caso seja sancionada, seja denominada “Lei PM Sargento Dias”, em referência ao policial que foi baleado por um beneficiado pela saída temporária que não retornou à penitenciária como deveria.

Outros temas abordados pelo projeto incluem a necessidade de exame criminológico para a progressão de regime de condenados, a imposição de regras para a monitoração de presos e a definição de punições para quem violar ou danificar o dispositivo de monitoração eletrônica. A proposta também propõe a fiscalização eletrônica para a aplicação de penas privativas de liberdade.

Durante a votação, senadores se manifestaram a favor e contra o projeto. O senador Fabiano Contarato (PT-ES), favorável à aprovação, ressaltou que a pena tem caráter duplo, de readaptação ao convívio social e familiar, e de retribuição pelo mal praticado. Contarato ainda citou a existência de vários institutos previstos em lei que reduzem significativamente a pena a ser cumprida pelos condenados.

Por outro lado, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) criticou a pressa com que o projeto foi discutido, destacando a falta de estrutura em alguns estados para o cumprimento de penas em regime semiaberto. Ela afirmou que em algun estados, como Goiás e Minas Gerais, não há estrutura para o regime semiaberto, fazendo com que presos saiam diretamente do regime fechado para o aberto, levando a uma situação de “saidona”.

Diante das divergências, o projeto de lei agora volta para a Câmara dos Deputados, onde deverá passar por nova análise dos parlamentares.

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