As manifestações começaram na França e se espalharam por Portugal e Polônia, levando a Comissão Europeia a fazer concessões. Entre as medidas adotadas, a comissão abandonou um plano de redução do uso de pesticidas, concedeu isenções temporárias para exigências de “descanso” do solo e retirou o projeto de redução de 30% das emissões de gases-estufa do setor da agricultura.
No entanto, a situação na União Europeia tem gerado preocupações entre os ambientalistas, que temem que as mudanças no bloco possam enfraquecer a argumentação em prol do meio ambiente em outros locais. Especialistas alertam que as mudanças na Europa podem fortalecer a ideia antiambiental em outros países, como é o caso do Brasil, onde existem setores que defendem menos exigências ambientais para os produtores.
Tanto na Europa quanto no Brasil, a proteção da floresta e do ambiente traz benefícios para os próprios produtores, uma vez que a floresta atua como um seguro contra extremos climáticos que afetam a produção agrícola e a geração de energia. Apesar de representar apenas 1,4% do Produto Interno Bruto da UE, o setor agrícola possui grande capital político e social, sendo um tema central nas próximas eleições para o Parlamento Europeu.
A atual conjuntura indica que a nova legislatura do Parlamento Europeu será menos sensível à agenda ambiental, com partidos de ultradireita mostrando crescimento nas pesquisas de intenção de voto. Essa mudança de cenário pode afetar as políticas de redução de emissões de gases-estufa do bloco, comprometendo a neutralidade carbônica que a UE se comprometeu a alcançar até 2050.
Em meio a essas questões, a agricultura é responsável por cerca de 11% das emissões da União Europeia, o que indica que mudanças no setor serão necessárias para que o bloco atinja suas metas de redução. A decisão final sobre as metas de redução de emissões de gases-estufa dependerá das leis que serão apresentadas e votadas na próxima legislatura do Parlamento Europeu.