A Polícia Civil, que está investigando o caso, divulgou uma nota informando que, em um primeiro momento, os fatos “se apresentam como lesões corporais recíprocas”, insinuando que Everton teria reagido ao ataque. No entanto, o advogado do motoboy classificou como lamentável a possibilidade de Everton ser indiciado e defendeu que Sérgio seja acusado de tentativa de homicídio.
A polêmica ganha mais força devido à atuação da Brigada Militar no momento da ocorrência. Testemunhas afirmam que, após o ataque, uma equipe do 9º Batalhão da Brigada Militar chegou ao local e, em meio a um bate-boca entre Everton e Sérgio, algemaram o motoboy, que é negro, e o colocaram no porta-malas da viatura. Já o autor do ataque seguiu no banco de trás de outro veículo. A ação da polícia foi registrada em vídeo por pessoas na rua, que apontaram racismo e abuso das autoridades.
A repercussão do caso levou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a determinar a abertura de uma sindicância na Corregedoria da Brigada Militar “para ouvir imediatamente testemunhas e apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade”. Ministros, defensores públicos e entidades de direitos humanos e igualdade racial manifestaram preocupação e prometeram acompanhar a apuração do caso.
A atuação das autoridades policiais no caso ganhou destaque pelas diferenças de tratamento dispensado a Everton, homem negro, e Sérgio, homem branco. Para muitos, a situação evidencia um possível racismo institucional. A Defensoria Pública do Rio Grande do Sul informou que está apurando o caso e propôs à Brigada Militar um curso de capacitação em relações raciais.
As investigações ainda estão em andamento, e caberá à justiça apurar os fatos e tomar as devidas providências. A repercussão do caso coloca em evidência a importância do combate ao racismo e do respeito aos direitos humanos em todas as esferas da sociedade.