Angela de Jesus, 19, é uma das poucas que optou por seguir carreira na agropecuária em sua comunidade, após se formar na Escola Família Agrícola. Segundo ela, muitos jovens acabam saindo por não conseguirem encontrar emprego na região. Os pais também enfrentam dificuldades para manter seus filhos na faculdade, o que contribui para a saída dos jovens em busca de melhores oportunidades.
Nelson Pereira, 38, relata a dificuldade em encontrar jovens para trabalhar na agroindústria, pois muitos deles estão estudando ou trabalhando fora da comunidade. Uma dessas jovens é Andreza da Silva, que precisou deixar Bananeira dos Pretos há cinco anos em busca de emprego em Salvador, onde atualmente trabalha como diarista.
Com a saída da nova geração, as tradições que sustentam a comunidade quilombola também ficam em risco, como a capoeira, o samba de roda e a Festa de Reis, que perderam força com a partida dos mais jovens. O receio de preservar essas tradições e a esperança de encontrar emprego na área levam os jovens a cogitarem voltar para a comunidade.
A instalação da agroindústria em Bananeira dos Pretos busca ampliar a produção e tornar o trabalho mais rápido e eficiente, possibilitando o certificado da rapadura e dos demais produtos com o selo da Agricultura Familiar. A tecnologia, ainda em fase de testes, promete expandir a variedade de produtos e eliminar a necessidade do uso de animais no processo de produção.
A agroindústria foi instalada pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) do governo do estado da Bahia, por meio do projeto Pró-Semiárido. Certificada pela Fundação Cultural Palmares desde 2006, a comunidade só passou a ter acesso a água encanada no ano passado.
Diante desses desafios, a comunidade quilombola Bananeira dos Pretos busca alternativas para manter suas tradições, preservar a produção da rapadura e oferecer oportunidades de emprego para os mais jovens, visando garantir a sustentabilidade econômica e cultural da região.