Árvores gigantes da floresta amazônica desafiam paradigma sobre estatura no mundo tropical

A Região do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT) no Amapá guarda uma surpresa fascinante para os pesquisadores que adentram a floresta amazônica local. Uma expedição que percorreu a região recentemente descobriu a presença de árvores gigantes, que desafiam antigos paradigmas sobre a distribuição de grandes árvores nos trópicos.

As árvores gigantes da Amazônia foram durante muito tempo desconhecidas, com registros somente nos anos 2000 em Bornéu, na Malásia e, mais recentemente, na Amazônia. Elas são de uma densidade e imponência singular, com altura média de 70 metros e diâmetro de 2,5 metros. Isso é surpreendente, porque até pouco tempo atrás árvores com essa estatura eram usualmente encontradas em regiões temperadas, onde a oscilação de temperatura é menor.

A descoberta das gigantes amazônicas levanta questões sobre as condições climáticas e de solo que possibilitam o desenvolvimento dessas árvores na região. Um dos objetivos dos pesquisadores é entender as reações fisiológicas da floresta amazônica às mudanças climáticas e estabelecer as bases de uma pesquisa de longo prazo, com monitoramento constante. Além disso, eles querem investigar como as árvores enxergar reposta a variações ambientais, como a seca e o aumento da temperatura.

Os pesquisadores acreditam que a área do Amapá, especialmente o vale do Jari, tem um relevo moderadamente elevado e áreas com a ocorrência de árvores gigantes geralmente estão protegidas de ventos fortes por grandes colinas. Com isso, a região se torna propícia para a existência destas árvores até então desconhecidas.

Uma característica peculiar dessas gigantes amazônicas é a capacidade de absorver grandes quantidades de carbono, com estimativas de que cada uma delas retire 150 toneladas de gás carbônico (CO₂) da atmosfera durante a vida. A perda destas árvores gigantes poderia representar uma grande ameaça contra os objetivos de contenção do aquecimento global. Por isso, os pesquisadores insistem na importância de proteger o escudo das Guianas, onde essas árvores estão localizadas. Eles destacam que as reservas nacionais nessas regiões são fundamentais para a preservação não só das espécies gigantes, mas de toda a biodiversidade da floresta amazônica.

Além disso, novas pesquisas com a aplicação da técnica de Lidar, que permite mapear a floresta e analisar a arquitetura das árvores gigantes, estão sendo conduzidas a partir da Estação Espacial Internacional. Outras pesquisas apontam para a resistência da região da Amazônia central-leste à seca, o que revela a complexidade e especificidades das reações fisiológicas da floresta.

Portando, a descoberta das árvores gigantes na Amazônia deixa evidente a necessidade de maior estudo e proteção dessas áreas, de forma a preservar não só as espécies, mas o ecossistema como um todo.

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