SÃO PAULO – “USP revela avanços na acessibilidade de exposições artísticas para deficientes visuais”

Pesquisa da USP Aponta Possibilidades de Criação e Experimentação de Deficientes Visuais em Exposições Artísticas

A acessibilidade em espaços culturais é um tema que tem despertado cada vez mais interesse e necessidade de inovação. Uma pesquisa realizada por Karen Montija, artista visual e fotógrafa, com orientação da professora Maria Christina Rizzi, junto ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, trouxe avanços significativos nesse campo.

A proposta de acessibilidade à experiência estética com a arte por meio da mediação com pessoas cegas e com baixa visão tornou-se o foco do estudo de mestrado intitulado “Picasso Pinta Feio”. Este projeto teve como principal objetivo promover a integração e participação de pessoas cegas e de baixa visão em exposições de arte.

Karen Montija percebeu que a maioria dos recursos disponibilizados para pessoas com deficiência visual tem como objetivo suprir a falta de visão, negligenciando a importância da experiência estética. Como resultado, ela desenvolveu a Proposta de Acessibilidade e Experiência Estética (PAEE) para exposições artísticas destinadas a deficientes visuais.

Essa proposta foca em criar novas formas de apresentar a obra de arte, explorando outros sentidos e perspectivas, a fim de proporcionar uma experiência estética significativa para um público com limitações visuais. “A informação e a experiência estética não são rivais, elas têm que caminhar juntas, e não apenas uma ou a outra”, destaca a pesquisadora.

A motivação para a pesquisa de Karen foi impulsionada por suas experiências pessoais, incluindo a atuação profissional em espaços culturais e a interação com pessoas deficientes visuais, como seu próprio pai, Claudio Montija, que gradativamente perdeu a visão em decorrência da catarata.

Atualmente, a PAEE está sendo aplicada em instituições como o Instituto Gustavo Rosa, o Sesc São Paulo e o Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, buscando abrir novas possibilidades de experimentação e criação para pessoas com deficiência visual.

Além disso, o trabalho de Karen Montija não se limita ao ambiente acadêmico. Ela acredita que é essencial que a pesquisa seja aplicada na prática, contribuindo para a melhoria efetiva da acessibilidade em exposições e incentivando uma reflexão mais ampla sobre a importância da experiência estética para as pessoas com deficiência visual.

Com a previsão de publicação do estudo como livro pela Editora Appris ainda neste primeiro semestre de 2024, Karen Montija espera que sua pesquisa possa ter um impacto duradouro na promoção da acessibilidade e inclusão dos deficientes visuais no contexto artístico e cultural.

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