Márcia foi convidada por um amigo a conhecer o MST e ingressar no movimento pela reforma agrária. Inicialmente, ela morou com o marido e o filho mais novo em uma ocupação em Casa Nova, o Assentamento Irani. Mesmo enfrentando dificuldades, ela se mostrou articuladora na comunidade e buscou conseguir energia e água junto à prefeitura.
No entanto, as famílias, incluindo a de Márcia, foram despejadas após a reintegração de posse, sendo posteriormente acolhidas em um assentamento em Sobradinho (BA). Márcia fez inúmeras viagens representando o movimento em reuniões para discutir a reforma agrária, mesmo em condições de saúde debilitada.
Nascida em Juazeiro, Márcia viu sua família enfrentar a seca nas décadas de 1980 e 1990. Ela teve o primeiro filho aos 19 anos e trabalhou para sustentar a família como vendedora independente de cosméticos e trabalhadora rural na colheita da fruticultura irrigada da região. Também atuou na igreja, onde coordenava grupos de evangelização de jovens.
Márcia ingressou no MST antes de se formar em pedagogia, em 2018, e passou a dar aulas para educação de jovens e adultos, principalmente nas comunidades rurais. Em 2019, foi diagnosticada com câncer de mama e enfrentou o tratamento em Salvador, onde, além de receber tratamento, oferecia apoio e companhia a outros pacientes. Ela faleceu no dia 5 de janeiro, aos 43 anos, vítima de um AVC, deixando o marido e três filhos.
A vida e o legado de Márcia Mascarenhas são exemplos de dedicação e comprometimento com a educação, a comunidade e a luta por direitos sociais. Sua atuação junto ao MST e sua trajetória como educadora e líder comunitária deixam um importante legado para as próximas gerações. A dedicação de Márcia em ajudar o próximo, mesmo diante de suas próprias dificuldades, é um exemplo de altruísmo e humanidade. Sua falta será sentida por todos aqueles que foram impactados por sua bondade e compromisso com as causas sociais.