Criada em 2006 para proteger uma área de 3,6 milhões de hectares, que inclui espécies endêmicas da Amazônia e árvores gigantes, a Flota do Paru tem sido negligenciada pelo governo do Pará desde a sua criação. Em outubro de 2023, o Ideflor-Bio, responsável pela área, deu assentimento para legalizar a mineração dentro da unidade de conservação, indo contra o plano de manejo estabelecido, que classificou as áreas ocupadas por garimpos como zonas temporárias, que deveriam ser desocupadas.
A legalização para mineração de ouro foi cedida à empresa Mineração Carará LTDA, do empresário Eduardo Ribeiro Carvalho Pini, apontado como dono de áreas de garimpos ilegais em atividade na Flota. As imagens de satélite analisadas identificaram que a área requerida para licenciamento já opera como garimpo ilegal ao lado de uma pista de decolagem.
Além disso, Pini, que é presidente da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do Médio Jari, tem tentado alterar o plano de manejo da Flota para permitir a atividade de garimpo onde é proibida. No entanto, ele é visto como uma figura que representa os interesses dos garimpeiros na região, com a associação sendo considerada apenas uma fachada para atender aos interesses ilegais.
A Flota do Paru também sofre com o desmatamento e o impacto da mineração, com mais de 8.000 hectares desmatados desde 2008, sendo 1.400 hectares devastados em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. Essa situação tem trazido graves consequências para a região, com a destruição de uma das maiores aparelhagens da Amazônia e a invasão ilegal de uma importante reserva natural do país.
Apesar disso, os órgãos ambientais e de conservação têm sido criticados pela leniência em relação à atuação ilegal dos garimpeiros, com a falta de ações práticas para coibir a atividade ilegal e destrutiva da mineração na Flota do Paru. É urgente a necessidade de medidas concretas para proteger e preservar a biodiversidade da região e evitar danos irreversíveis à Amazônia.