Escolas no Brasil e em outros países ampliam restrição aos celulares por graves consequências do uso excessivo em crianças e adolescentes

***Crescem as restrições ao uso de celulares nas escolas do Brasil e do mundo***

Escolas públicas e particulares no Brasil e em outros países têm ampliado as restrições ao uso de celulares por crianças e adolescentes, em resposta a estudos que apontam graves consequências do uso excessivo do aparelho, tanto para o aprendizado quanto para a saúde mental.

O veto em sala de aula já se dissemina, e o banimento total no ambiente escolar começa a ser adotado, normalmente com o apoio das famílias. Em escolas de São Paulo, por exemplo, foi implementado um suporte plástico ao lado da lousa, semelhante a uma sapateira, em que os estudantes devem guardar os aparelhos desligados. Essa medida tem mostrado bons resultados, ajudando a manter o foco nas aulas, segundo relatos do diretor do ensino médio da Escola da Vila, Pablo Soares Damaceno.

A recomendação para o avanço das restrições foi dada por um relatório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que apontou estudos relacionando o uso das tecnologias com desempenho negativo dos estudantes. Países como Espanha, Portugal, Finlândia, Holanda, Suíça e México já haviam anunciado regras para restringir o celular nas escolas, e o banimento vem ganhando espaço em outros países, entre os quais o Canadá e os Estados Unidos.

No entanto, o avanço das restrições é um movimento inverso ao do pós-pandemia, quando as escolas entenderam que deveriam incorporar o celular devido às aulas online, considerando a dificuldade de sociabilização dos alunos causada pelo isolamento.

Mesmo com a ampliação do uso de tecnologia na educação e o status de ferramenta pedagógica atribuído ao celular, o mau uso das redes sociais e jogos online pelos alunos tem prejudicado a concentração e o aprendizado. Dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes) apontaram que a maioria dos alunos se distraem nas aulas com o celular, e que quase metade deles se sentem nervosos ou ansiosos quando estão longe do aparelho.

Diante dos prejuízos evidentes, escolas em todo o Brasil, como o Colégio Nossa Senhora das Graças e o Colégio Magno, estabeleceram políticas de uso do celular, proibindo o aparelho nas salas de aula e recorrendo a outros dispositivos, como notebooks e tablets, quando necessário.

A proibição total do celular nas escolas também ganha força no Rio de Janeiro, com a prefeitura lançando uma consulta pública sobre o assunto e recebendo forte apoio da sociedade. A gestão Eduardo Paes, por exemplo, já publicou um decreto vetando o aparelho durante o recreio nas escolas municipais.

Apesar disso, o banimento completo ainda é motivo de debate, com algumas escolas argumentando que o celular faz parte da vida e que a escola é um espaço importante para o processo formativo de aprender a lidar com a tecnologia. A Secretaria da Educação de São Paulo, por exemplo, afirmou que o uso do celular em sala de aula é permitido exclusivamente para finalidades pedagógicas e que o mau uso das tecnologias é mediado por meio de programas de melhoria da convivência e proteção escolar.

O debate sobre o uso do celular nas escolas ainda está em curso, mas fica claro que as restrições ao aparelho vêm se tornando cada vez mais comuns, diante dos prejuízos evidentes para a aprendizagem e a saúde mental dos estudantes. O desafio das escolas agora é encontrar um equilíbrio entre o uso pedagógico da tecnologia e a preservação do ambiente escolar como um espaço de aprendizado e sociabilização.

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