O estudo, que avaliou dados de mais de 20 milhões de mulheres adultas registradas no Cadastro Único do governo federal, identificou que quanto maior a desigualdade de renda nos municípios, maior é o risco de morrer por câncer de mama. Além disso, a pesquisa apontou que a incidência de mortalidade por câncer de mama em municípios com alta segregação de renda chega a 8,2 óbitos a cada 100 mil habitantes, em comparação com 6,4 em municípios com baixa segregação.
O estudo é resultado de uma colaboração entre pesquisadores do Cidacs/Fiocruz Bahia, da Faculdade de Epidemiologia e Saúde da População da London School of Hygiene and Tropical Medicine, do Ubuntu Center on Racism, Global Movements and Population Health Equity da Universidade Drexel, do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia e do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia.
A pesquisa também apontou que a maior parte das mulheres pesquisadas (53,3%) é parda, seguida por mulheres brancas (32,8%), pretas (8,2%), indígenas (0,5%) e asiáticas (0,4%). Os resultados sugerem que o Programa Bolsa Família tem impactos positivos na redução das desigualdades na mortalidade por câncer de mama em mulheres, possivelmente devido ao aumento da renda familiar e maior acesso a medicamentos, alimentação de qualidade e serviços de transporte.
As pesquisadoras também destacam a importância política do estudo, sugerindo a inclusão do rastreamento e exame clínico das mamas entre as condicionalidades do Bolsa Família, para aumentar a utilização dos serviços de saúde, a detecção precoce e, potencialmente, reduzir a mortalidade por câncer de mama.