SÃO PAULO – “Estudo revela diferenças de gênero na síndrome da fragilidade em pessoas idosas”

Recentemente, foi divulgado um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da University College London, no Reino Unido, que identificou que os fatores que aumentam o risco de fragilidade na velhice são diferentes entre homens e mulheres. O estudo, publicado na revista Archives of Gerontology and Geriatrics, analisou dados de 1.747 pessoas idosas que fazem parte do English Longitudinal Study of Ageing, um estudo populacional realizado no Reino Unido.

De acordo com os resultados encontrados, os homens têm maior risco de desenvolver a síndrome da fragilidade se apresentarem osteoporose, baixo peso, doenças cardíacas e percepção da audição avaliada como ruim. Já as mulheres apresentam maior risco associado a alta concentração sanguínea de fibrinogênio, diabetes e acidente vascular cerebral (AVC).

O professor Tiago da Silva Alexandre, do Departamento de Gerontologia da UFSCar e autor do estudo, destacou a importância de identificar diferenças nos fatores de risco entre homens e mulheres para a formulação de políticas públicas. Ele ressaltou que entender os principais fatores de risco pode permitir a antecipação de problemas e a formulação de planos de ação e intervenção mais específicos para cada gênero.

A síndrome da fragilidade é caracterizada pela presença de três ou mais fatores como perda de peso involuntária, fadiga, fraqueza muscular, diminuição da velocidade de caminhada e baixa atividade física. Essa condição serve como um sinal de alerta para desfechos negativos em pessoas idosas, como quedas, hospitalizações, incapacidade e morte prematura.

Segundo o estudo, a fragilidade é mais comum em mulheres do que em homens, em parte devido à expectativa de vida mais longa das mulheres e à prevalência de doenças crônicas que não matam, mas geram incapacidade. Os pesquisadores destacam que as diferenças na composição corporal e na localização da deposição de gordura ao longo da vida e na velhice podem desencadear o aparecimento de componentes de fragilidade de forma direta ou indireta, mediando alterações metabólicas que culminam no surgimento de doenças que aumentam o risco de fragilidade.

O estudo também ressalta a importância de considerar as diferenças socioeconômicas, os distúrbios musculoesqueléticos, as doenças cardíacas e o baixo peso como fatores de risco que sustentam o processo de fragilidade nos homens, enquanto nas mulheres o processo parece estar ancorado em distúrbios cardiovasculares e neuroendócrinos.

Esse estudo traz à tona a importância de compreender e abordar as especificidades de gênero na saúde do idoso e de desenvolver políticas de saúde que sejam sensíveis a essas diferenças. Ao identificar os fatores de risco específicos para homens e mulheres, é possível garantir intervenções mais eficazes e direcionadas, visando a promoção de um envelhecimento saudável e a prevenção de complicações associadas à fragilidade na velhice. Enquanto as mulheres são mais afetadas por doenças crônicas, os homens são mais suscetíveis a fatores laborais e a questões metabólicas, resultando em diferentes padrões de fragilidade e necessidades de cuidados.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo