Recuperação lenta da vazão dos rios amazônicos após início das chuvas preocupa especialistas

O boletim semanal de monitoramento climático elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) indica que, apesar do início das chuvas na região amazônica, a recuperação da vazão dos rios está aquém do esperado. Apenas duas das 32 bacias hidrográficas da região apresentaram um volume regular de chuva para o mês de janeiro, enquanto cinco estão com climatologia próxima ao esperado para o período.

Segundo o meteorologista e pesquisador do Centro de Dinâmica Ambiental (Codam) do Inpa, Renato Senna, as chuvas regulares estão concentradas nas nascentes, em áreas da Amazônia internacional, no Peru e na Colômbia, nas bacias Ucayalli e Marañon. No entanto, em grande parte da região, as chuvas estão com volumes inferiores ao habitual para esta época do ano.

Um dos principais fatores que contribuem para esta situação é a continuação dos fenômenos El Niño, que causa o aquecimento superficial das águas do Pacífico Equatorial, e o aquecimento do Atlântico Tropical Norte. Ambos influenciam a circulação dos ventos, inibindo a formação de nuvens e, por consequência, a ocorrência de chuvas regulares.

O monitoramento climatológico das bacias feito pelo Inpa também registra déficit. Por exemplo, a bacia do Rio Purus, afluente do Rio Solimões, acumulou 211 mm nos últimos 30 dias, enquanto o normal para o período seria de 264 a 304 mm. Essa condição deve interferir na recuperação das áreas, especialmente para a recuperação da umidade do solo, que foi afetada após a seca de 2023.

Além disso, a recuperação do volume de vazão dos principais rios à Oeste, como Solimões, Negro e Madeira, é crucial para a navegabilidade do transporte de cargas e de pessoas. Portanto, a situação das chuvas na região amazônica é um ponto de preocupação, uma vez que afeta não apenas o abastecimento de água e a biodiversidade da região, mas também a logística de transporte fluvial.

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