Entre os hotéis ocupados no centro da capital paulista, destacam-se o Santos Dumont, na rua Mauá, o Columbia, na avenida São João, e o Central, também localizado na São João. Além disso, também foram mencionados o Grande Hotel Bristol, na rua do Triunfo, além dos antigos hotéis Lord Palace, na rua Helvétia, e Cambridge, na avenida Nove de Julho, que após ocupações passaram por reformas e se tornaram habitações populares.
De acordo com Benedito Barbosa, advogado da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo (UMM) e coordenador da Central de Movimentos Populares, os hotéis são boas opções para ocupações devido à facilidade de divisão dos espaços, evitando maiores intervenções e riscos de incêndio. Ele destaca que as habitações em hotéis garantem maior privacidade e melhores condições para futuras restaurações, como o processo de retrofit, que visa manter as características arquitetônicas originais, modernizando os ambientes internos e as infraestruturas hidráulicas e elétricas.
O diretor financeiro da ONG Peabiru, Nunes Lopes dos Reis, acrescenta que os prédios de hotéis costumam ter estrutura de concreto armado e compartimentação interna em alvenarias, reduzindo os riscos de incêndio de grandes proporções. Já Sidnei Pita, coordenador estadual da UMM, aponta que as ocupações em hotéis apresentam melhores condições de segurança, com escadas bem seguras e corrimãos em bom estado.
A história dos antigos hotéis que hoje abrigam ocupações remonta ao período de prosperidade da região central, onde os hotéis eram frequentados por visitantes da capital durante a época da economia cafeeira. Com o tempo, o ciclo de riqueza enfraqueceu, levando os hotéis à falência e à transformação em prédios abandonados. Nos anos 90, os sem-teto encontraram nesses espaços uma oportunidade de abrigo, e as ocupações se mantêm até os dias atuais.
Apesar da situação das ocupações em hotéis, a Secretaria da Habitação não se pronunciou sobre o assunto quando procurada pelo blog. Com o desafio constante de buscar moradias dignas e seguras para seus membros, o movimento dos sem-teto encontra nos antigos hotéis do centro de São Paulo um refúgio que oferece, mesmo que de forma improvável, um lar para aqueles em situação de vulnerabilidade.