O estudo, coordenado pelo geógrafo Luiz Jardim Wanderley, professor da UFF, foi divulgado como parte do Relatório de Conflitos da Mineração no Brasil, produzido em parceria com o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, que reúne várias organizações da sociedade civil.
O aniversário de cinco anos da tragédia em Brumadinho, ocorrido nesta quinta-feira (25), foi marcado por atos de homenagem às vítimas e cobranças por reparação e justiça. As famílias das vítimas contabilizam 272 mortes, incluindo duas mulheres grávidas.
O geógrafo Luiz Jardim Wanderley destacou que desde 2020, Brumadinho tem se tornado o epicentro dos conflitos no Brasil, com dezenas de mobilizações em busca de reparação e mais de duas dezenas de comunidades envolvidas em conflitos com a Vale e outras mineradoras que operam no município.
A Vale, quando questionada sobre os resultados do levantamento, não comentou. No entanto, em nota, a empresa reafirmou seu compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, priorizando as pessoas, as comunidades impactadas e o meio ambiente.
Os dados levantados pelos pesquisadores da UFF apontam para um aumento de 22,9% no total de localidades com conflitos envolvendo a mineração em 2022. Foram registradas 45 mortes relacionadas com a atividade minerária ao longo do ano passado. Os estados que mais concentraram ocorrências foram Minas Gerais (37,5%), Pará (12,0%) e Amazonas (7,4%).
O relatório também destaca que mais de 90% dos conflitos envolveram disputas por terra ou água. A empresa Vale lidera a relação com 115 ocorrências, representando 24% do total. Conflitos relacionados com o garimpo ilegal também foram mapeados, com os indígenas sendo o grupo social mais violado.
A atividade de mineração tem gerado violações de direitos humanos e ambientais, afetando principalmente as comunidades mais pobres, indígenas e negras. Conflitos territoriais, expulsões, invasões, degradação ambiental e condições de trabalho degradantes são algumas das situações relacionadas com a mineração, de acordo com Luiz Jardim Wanderley.
À medida que Brumadinho e outras regiões mineradoras continuam a enfrentar os impactos devastadores da mineração, torna-se cada vez mais evidente a importância de buscar soluções para mitigar os conflitos e garantir a segurança e bem-estar das comunidades afetadas.