Apesar do reconhecimento das ações das Forças Armadas na desintrusão do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, a insatisfação com a atuação dos militares no local que existia durante o governo de Jair Bolsonaro persiste no primeiro ano da atual gestão de Lula (PT).
Documentos obtidos pela Folha e relatos de pessoas que atuam na região apontam para omissão, falta de empenho e desconfiança de boicote por parte das Forças Armadas. A falta de empenho das Forças Armadas durante o governo Bolsonaro foi apontada como fundamental para o crescimento do garimpo ilegal no território. Segundo relatos, houve uma melhora na interlocução sob Lula, mas as dificuldades persistem.
Entre os problemas citados por diversos envolvidos na operação estão a negativa de suporte por falta de verba, a necessidade súbita de manutenção das aeronaves e o problema com o chamado corte do motor, que acontece quando o motor do helicóptero é desligado para poupar combustível e depois é religado.
As operações de repressão ao garimpo ilegal foram prejudicadas pela falta de suporte logístico e por restrições das próprias Forças Armadas. Relatórios internos das operações apontam que a autonomia da aeronave impediu a realização de ações planejadas para durar o dia inteiro.
Além disso, a falta de manutenção dos helicópteros também prejudicou as operações, com relatos de aeronaves que “deram pane no meio do caminho” para Boa Vista e ficaram em manutenção por vários dias. Relatórios internos citam também a falta de verba para a operação e problemas no fornecimento de alimentos.
O apoio logístico da Defesa também foi criticado, sendo limitado ao transporte aéreo e moroso no atendimento das solicitações dos agentes em atuação de campo.
Autoridades indígenas e organizações não governamentais questionam a atuação das Forças Armadas na região, acusando os militares de boicotar as operações de desintrusão do garimpo ilegal. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que conta com os militares para o sucesso da operação Yanomami, mas ressaltou que o apoio logístico até o momento não foi suficiente.
A desintrusão do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami é fundamental não só para a proteção do território, mas também para a recuperação cultural e alimentar dos indígenas, com a reconstrução das roças e a descontaminação dos rios. No entanto, um ano após o início da operação, a missão ainda não expulsou totalmente os invasores, e os indígenas ainda convivem com a desnutrição.
Diante desses desafios, as críticas à atuação das Forças Armadas na região continuam a ser feitas, destacando a necessidade de um apoio logístico mais efetivo e um maior empenho na desintrusão do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A Defesa não se pronunciou sobre as críticas até o momento.