Conflito entre indígenas, policiais e fazendeiros resulta em morte de liderança Pataxó-hã-hã-hãe na Bahia

Hoje, uma tragédia ocorreu no extremo sul da Bahia. Nega Pataxó, irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, do povo indígena Pataxó-hã-hã-hãe, foi assassinada após um conflito entre indígenas, policiais militares e fazendeiros no território Caramuru, no município de Potiraguá. A notícia foi divulgada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). De acordo com a Apib, além de Nega Pataxó, o cacique e outra liderança indígena também foram baleados. Até o momento, não há informações sobre o estado de saúde deles.

Além disso, duas pessoas foram espancadas, uma mulher teve o braço quebrado e outras pessoas foram hospitalizadas, mas sem gravidade. Dois fazendeiros foram presos por porte ilegal de arma. A retomada de uma fazenda por parte dos indígenas como parte do território Caramuru teve início na madrugada de ontem, segundo a Apib. No entanto, a mobilização dos ruralistas da região pelo WhatsApp resultou na chegada de homens que cercaram os indígenas, após convocação para realizar a reintegração de posse da fazenda com as próprias mãos.

Os ruralistas, segundo a Apib, acusam o povo indígena de ser “falso índio” e aprovam ações violentas de reintegração de posse. Vídeos circulando nas redes sociais mostram um dos feridos no chão, cercado pelo grupo de ruralistas comemorando a ação violenta. A Apib critica a participação policial nessa violência contra os indígenas.

A Apib exige acompanhamento das autoridades e a apuração do caso. A demarcação das terras indígenas é apontada como o único caminho para amenizar a escalada de violência que atinge os povos da região sul da Bahia, afirmou a Apib por meio de nota. A Agência Brasil tentou contato com o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar da Bahia, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

A morte de Nega Pataxó é mais um capítulo trágico na luta pela demarcação de terras indígenas no Brasil. A violência contra os povos indígenas é uma realidade preocupante, e o episódio de Potiraguá é mais um exemplo do conflito entre indígenas, fazendeiros e autoridades. A apuração rigorosa desse caso é crucial para garantir justiça e segurança para os povos indígenas do país. A morte de Nega Pataxó não pode ser em vão, e sua memória deve ser honrada com ações concretas para prevenir futuros episódios de violência.

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