O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, esteve em Brasília nesta sexta-feira, dia 19, para propor a união das obras do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), relançado no ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com os investimentos internacionais da iniciativa Belt and Road (Cinturão e Rota), conhecida como a nova Rota da Seda.
Durante um discurso no Palácio do Itamaraty, o ministro sugeriu que os governos do Brasil e da China devem trabalhar em conjunto para aproximar os objetivos entre a iniciativa Cinturão e Rota e o PAC do Brasil. Além disso, defendeu mais abertura, inclusão e cooperação entre os dois programas governamentais e citou que as parcerias sino-brasileiras passam pela soja e pela exploração espacial.
A China tem cortejado o Brasil para aderir à mega rede de infraestrutura que monta através do mundo, mas o tema divide opiniões no governo, entre diplomatas no Palácio do Planalto e no Itamaraty. Uma ala não vê vantagens práticas, enquanto outros afirmam que seria um gesto político.
A iniciativa chinesa consiste em formar uma rede global de infraestrutura, conectando ferrovias, hidrovias e rodovias, além de portos e aeroportos, para escoamento de produtos. O projeto expandiu a influência de empresas da China, seja do setor financeiro, de operação de serviços e de engenharia.
No entanto, os Estados Unidos têm reagido às iniciativas da China, alegando que as obras trazem poucos benefícios e criam uma “armadilha da dívida”. Para enfrentar a influência de Pequim, os EUA lançaram uma proposta de estabelecer um Corredor Econômico Índia-Oriente Médio-Europa.
Após a visita de Estado de Lula à China no ano passado, o Brasil não anunciou o ingresso na iniciativa chinesa, frustrando as expectativas dos chineses. Contudo, o Palácio do Planalto tenta atrair empresas da China para as obras do Novo PAC por meio de concessões, PPPs, fornecimento de materiais e equipamentos ou na composição de capital para tomar parte em leilões.
Durante a visita do ministro das Relações Exteriores da China ao Brasil, foram assinados acordos para prorrogar a validade dos vistos de turismo, negócios e visita entre os dois países, além de facilitar a abertura de um consulado geral do Brasil em Chengdu.
Wang Yi deverá voltar ao Brasil em fevereiro para a reunião de chanceleres do G-20, e o chanceler Mauro Vieira aceitou um convite para visitar Pequim dentro de três meses. A viagem do ministro faz parte da primeira missão diplomática internacional de Wang Yi em 2024, incluindo passagens por outros países africanos.
Portanto, a visita do ministro das Relações Exteriores da China ao Brasil busca reforçar a parceria entre os dois países e expandir a influência chinesa na América Latina, assim como destacar as prioridades e aumentar a presença financeira da China na região. Tudo isso tem repercutido internacionalmente, com impactos no cenário geopolítico global.