Forças Armadas ampliam ausência e garimpo ilegal toma conta da Terra Indígena Yanomami, apontam agentes de fiscalização

A situação da Terra Indígena Yanomami tem causado preocupação a diversos agentes de fiscalização e integrantes do Ministério Público Federal. Isso porque nos últimos meses, as Forças Armadas ampliaram a ausência de ações de combate ao garimpo ilegal no território, o que coincide com a retomada da exploração ilegal de ouro e cassiterita na região.

Recentemente, uma operação da Polícia Federal apreendeu equipamentos utilizados por garimpeiros que atuam na área, demonstrando a presença cada vez maior do garimpo na região de Surucucu. Além disso, as Forças Armadas possuem entrepostos logísticos em Auaris e, mesmo estando em área de fronteira com a Venezuela, não há movimentação frequente de militares desses postos em repressão às atividades criminosas na região.

Outro ponto alarmante é a presença de aeronaves do garimpo que circulam livremente pelo território, e a existência de uma pista de pouso clandestino na linha da fronteira, suspeita de abastecer os maiores garimpos da área.

A situação se agravou com o desmonte de uma base de abastecimento de combustíveis na região do Palimiú, considerada fundamental para a autonomia dos voos dos helicópteros do Ibama. Sem essa base, os agentes não conseguem percorrer longas distâncias, e a região mais distante, Auaris, não é alcançada por ações de fiscalização.

Diante desse cenário, o Ministério Público Federal constatou que as Forças Armadas assumiram ações mais efetivas de repressão ao garimpo a partir de um decreto do presidente Lula, que ampliou a possibilidade de atuação dos militares no combate à atividade criminosa. No entanto, a eficiência e permanência dessas ações duraram pouco, e o garimpo ressurgiu com força a partir de setembro.

Além disso, a crise humanitária dos Yanomamis persiste, com piora dos indicadores de saúde nos meses que coincidem com a retomada do garimpo. Relatórios mostram que 308 indígenas morreram em 2023, com mais da metade dos óbitos sendo de crianças de até quatro anos.

Para tentar reverter esse quadro, o governo federal anunciou a presença de uma “casa de governo” em Roraima para tratar das ações na terra Yanomami e a instalação de três bases de vigilância no território, com gastos previstos de R$ 1,2 bilhão.

O esforço aéreo no combate ao garimpo ilegal por parte das Forças Armadas é destacado, com 7,4 mil horas de voo, 165 suspeitos detidos e diversos atendimentos médicos e remoções aéreas de pacientes realizadas. Porém, diante da persistência do garimpo ilegal e das condições precárias de vida dos Yanomamis, a situação segue exigindo atenção e ações efetivas por parte das autoridades.

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