Durante a manhã, os contratos de depósito interfinanceiro (DI) acompanharam as taxas americanas, à medida que o mercado ajustava as apostas no início do ciclo de cortes de juros do país. Contudo, à tarde, as taxas viraram para o negativo, em um movimento que os profissionais do mercado atribuíram a um ajuste de posições e à moderação na alta do dólar em comparação ao real.
Ao final do dia, o DI mais negociado, para janeiro de 2025, tinha uma taxa de 10,105%, contra 10,125% no ajuste anterior. As taxas dos outros DIs mais líquidos também cederam: janeiro de 2026 (9,792% para 9,760%), janeiro de 2027 (9,948% para 9,930%) e janeiro de 2029 (10,352% para 10,345%).
O gerente de renda fixa e distribuição de fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, afirmou que o forte aumento das taxas no dia anterior criou um cenário convidativo para ajustes técnicos nos DIs, o que explica o descolamento entre as taxas brasileiras e americanas nesta sessão. Ele ainda ressaltou que, à medida que o mercado aumenta o volume, vai fechando um pouco esse gap.
Por outro lado, o economista da Pezco Helcio Takeda apontou que a reprecificação das taxas americanas tem sido mais intensa, já que a curva doméstica tem mais gordura para queimar e os dados do Brasil sugerem um cenário menos pessimista. Ele ressaltou a importância dos dados de serviços e do varejo, que indicam um cenário menos pessimista para a atividade econômica.
Já o gestor de multimercados e renda fixa da Mag Investimentos, Ricardo Jorge, observou que o fato de os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) evitarem tratar da política monetária ajudou a limitar o movimento dos DIs. Ele destacou que, ao evitar tocar no assunto, as declarações do diretor da autoridade acabaram influenciando a curva tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil.