Uma nova pesquisa, publicada na revista científica Urban Forestry & Urban Greening, analisou dados de 456 árvores que caíram na área sob jurisdição da Administração Regional da Sé, que compreende oito bairros da região central – Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Liberdade e Cambuci.
Dados apontam que o município registra cerca de 2 mil quedas de árvores urbanas por ano, excluindo parques públicos e áreas de proteção ambiental. Durante chuvas que atingiram a região metropolitana nos dias 8 e 9 de janeiro, o Corpo de Bombeiros recebeu cerca de 250 chamados por ocorrências desse tipo. Em novembro de 2023, mais de 2 milhões de moradores ficaram sem luz após o rompimento de fiação provocado pelo mesmo problema.
A pesquisa identificou como preditores os fatores associados à queda de árvores e sugere diretrizes e papéis de diferentes atores para reduzir o impacto desse tipo de ocorrência na cidade. Os cientistas propõem uma avaliação detalhada do estado da madeira das árvores em toda a capital, além de práticas adequadas de poda por parte do município e das empresas privadas responsáveis por sua gestão. Também é sugerido garantir espaço suficiente nas calçadas para o crescimento da raiz.
De acordo com o professor Giuliano Locosselli, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo, a resolução do problema da queda de árvores em São Paulo requer um trabalho conjunto entre academia, governo e setor privado.
O Plano Municipal de Arborização Urbana, lançado em 2020, tem 170 ações previstas para melhorar o manejo e criar um sistema de gestão participativa das árvores em São Paulo. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da prefeitura informou que 42 ações do plano estão em andamento.
A pesquisa também apontou critérios e fatores preditivos para a queda de árvores, como o estado da madeira, constrições do colo da raiz e as podas. As árvores analisadas foram divididas em categorias com base no estado da madeira, que incluíam saudável, baixa degradação e alta degradação.
Segundo Locosselli, é necessário um plano de manejo que permita melhoria, monitoramento e acompanhamento para ter uma arborização verde e saudável, produzindo o máximo de serviços ecossistêmicos e reduzindo ao mínimo os prejuízos com as quedas de árvore. O professor ressalta a importância do trabalho conjunto entre academia, governo e profissionais da linha de frente, visando resolver esse problema.