A região do pantanal é conhecida por receber a água das chuvas das regiões de planalto, da Bacia do Alto Paraguai. No calendário natural, o ciclo começa em outubro, com picos em dezembro e janeiro, se estendendo até março, no máximo. Nas enchentes, as águas transbordam das calhas dos rios, conectam lagoas e formam amplas e contínuas áreas alagadas.
Entretanto, o mês de novembro de 2023 foi marcado por um terrível cenário de incêndios no pantanal, que registrou 4.134 focos de calor, o maior índice já medido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o período, desde 1998. Comparado a novembro de 2020, foram 778 pontos de calor. No ano de 2020, o bioma perdeu 3,9 milhões de hectares em incêndios que causaram comoção mundial.
Além do fogo, o pantanal também sofre com as alterações climáticas. A mudança no ciclo das águas pode ser verificada por meio da régua de Ladário (MS), monitorada pelo 6º Distrito Naval da Marinha, que detém registros sobre as cheias desde 1900.
A preocupação com a situação atual e futura do pantanal é compartilhada por especialistas, como Carlos Roberto Padovani, pesquisador da Embrapa, que destaca a importância das chuvas para o nível do rio Paraguai, principal responsável pela inundação no bioma. Ele ressalta que a estiagem nos últimos meses do ano passado pode impactar significativamente a temporada de seca, que tem seu auge em setembro, época que aumenta o risco de incêndios florestais.
Outro pesquisador, Eduardo Reis Rosa, membro do MapBiomas, acredita que as chuvas de janeiro a março ainda podem trazer uma cheia próxima ao patamar de 2023, embora admita que o cenário é preocupante. Ele também alerta para o aumento do desmatamento na época da seca e destaca a importância da Lei do Pantanal, sancionada pelo governo de Mato Grosso do Sul no ano passado, que impõe regras e sanções para o desmate de áreas no bioma.
Em relação ao impacto do fogo, o pantanal perdeu 3,9 milhões de hectares nas queimadas em 2020. Este ano, além dos incêndios de novembro, outra preocupação foi a tempestade de poeira que “engoliu” a Serra do Amolar, na região do Acurizal, fenômeno que assustou os moradores locais. As medidas preventivas de combate a incêndios florestais, como o uso de imagens de satélite, aeronaves e equipes especializadas, também são destacadas como essenciais para proteger o bioma.
Diante desse cenário preocupante, a expectativa é que as autoridades e a sociedade trabalhem em conjunto para tomar medidas eficazes de preservação e combate aos incêndios, garantindo a proteção desse importante ecossistema brasileiro.