Restrição ao inseticida fipronil, que dizima abelhas, é vista como vitória da pesquisa científica e da política pública.

Restrição ao uso do inseticida fipronil combate as mortes de abelhas no Brasil

A restrição ao uso do inseticida fipronil, que tem dizimado abelhas no Brasil, reforça a importância da pesquisa científica, segundo avaliação do biólogo Osmar Malaspina, professor e pesquisador do Campus de Rio Claro da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Malaspina, estudioso das abelhas por quase cinco décadas, liderou um dos mais intensos trabalhos de campo sobre as mortes desses insetos, realizado com apicultores de São Paulo. Após quase cinco anos de coleta de amostras, o estudo concluiu que o fipronil era responsável por 70% das mortandades.

A aplicação desse agrotóxico era capaz de dizimar colmeias inteiras da noite para o dia, mas agora está proibida em folhas e flores em todo o território nacional, de acordo com a determinação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Essa decisão foi elogiada por Malaspina, que a considerou uma vitória da pesquisa científica e da política pública. Ele também ressaltou que essa restrição abre caminhos para que substâncias perigosas semelhantes também sejam banidas.

O Ibama manteve a aplicação em solo e no tratamento de sementes, mas também está analisando os efeitos dessas alternativas, o que sugere a possibilidade do país banir o produto, seguindo o exemplo da União Europeia, Colômbia e Costa Rica.

O inseticida fipronil está presente em 153 produtos no Brasil, incluindo coleiras anti pulgas e carrapatos de animais de estimação e veneno doméstico contra formigas. No campo, sua aplicação é permitida em 23 culturas, incluindo soja e cana-de-açúcar.

Um levantamento de perdas da apicultura, realizado pela Folha no ano passado, demonstrou que a mobilização contra o fipronil já envolvia especialistas em oito estados.

Malaspina explicou que o fipronil é muito eficiente para matar insetos e que a aplicação aérea desse agrotóxico foi proibida pelo Ibama em 2012, mas até hoje há produtores que desrespeitam a proibição, pois o inseticida traz retorno financeiro. Além disso, ele identificou que havia muito erro de aplicação por pessoas sem treinamento, o que levou à criação de treinamentos para aplicação em todo o Brasil.

O biólogo destacou que a decisão do Ibama é um passo importante, mas enfatizou que o ideal seria a retirada definitiva do fipronil do mercado, devido à sua alta toxicidade.

Portanto, a restrição ao uso do inseticida fipronil é vista como uma vitória para a pesquisa científica e também como um avanço na proteção das abelhas no Brasil. Espera-se que, com a análise contínua das alternativas e a avaliação dos efeitos das restrições, novas medidas possam ser tomadas para garantir a preservação desses insetos tão fundamentais para o equilíbrio ambiental.

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