Um dos mais famosos relatos sobre o inferno é o poema épico “A Divina Comédia”, escrito por Dante Alighieri no século 14. Nessa obra, o autor descreve sua jornada através do inferno, do purgatório e do paraíso, fornecendo uma visão simbólica do inferno como um lugar horrível de castigo para os pecadores.
O conceito de inferno como um lugar de punição e tortura é exclusivo da tradição judaico-cristã, mas originou-se de diferentes tradições e lendas, desde a vida após a morte egípcia até os mitos fundadores babilônicos.
Para o historiador e teólogo Juan David Tobón Cano, a ideia do inferno surge da dificuldade humana de explicar o caos, associando fenômenos naturais incompreensíveis, como tempestades e terremotos, ao submundo.
No judaísmo, a crença em Deus faz uma aliança por meio de uma lei, criando o conceito de recompensa e punição divinas. E, segundo o professor Sean McDonough, Jesus enfatiza o inferno como um lugar de punição, contribuindo para a consolidação desse conceito na Idade Média.
A palavra latina “infernum” começa a substituir termos antigos como Sheol e Hades, e os primeiros cristãos incorporaram o pensamento grego à nova religião, influenciando a ideia de que as almas deveriam ir para algum lugar após a morte.
Dante Alighieri, em sua obra “A Divina Comédia”, reúne de forma magistral as noções existentes sobre o inferno naquele tempo, estabelecendo-o como um lugar de sofrimento eterno.
Além da tradição judaico-cristã, outras religiões e culturas têm suas próprias representações do submundo, como o budismo e o islã. Por exemplo, no budismo, existe um lugar conhecido como Naraka, um submundo transitório de tormento. No Islã, o Alcorão fala em um “lugar de fogo”, e as almas infiéis irão para Jahannam, uma versão do inferno.
Portanto, o conceito de inferno como um lugar de castigo e horrores é uma construção teológica e cultural que evoluiu ao longo da história, refletindo as crenças e tradições das diferentes religiões e culturas em todo o mundo.