Policiais Militares do Bope do Rio de Janeiro passam a utilizar câmeras corporais durante operações, após decisão do STF.

Policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) do Rio de Janeiro passam a utilizar câmeras corporais em suas fardas durante operações, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi tomada após o governo estadual recorrer da determinação inicial do ministro Edson Fachin, que ordenava a implementação das câmeras em todo o efetivo policial.

O governo alegou que forças especiais de segurança em diversos países não costumam utilizar câmeras corporais para não revelar suas técnicas, táticas e equipamentos aos criminosos. No entanto, o recurso foi negado por Fachin, que afirmou que as atividades de inteligência podem dispensar o uso das câmeras, mas em ações que envolvam o emprego de força, os agentes do Estado devem utilizar as câmeras corporais.

Esta determinação foi recebida de forma positiva pelo promotor Paulo Roberto Mello, responsável por investigar crimes militares cometidos por policiais. Ele acredita que as câmeras são um fator de legitimação da atuação policial, principalmente para unidades que tendem a se envolver em mais confrontos.

Por outro lado, o diretor da Core, delegado Fabrício Oliveira, posicionou-se contra a decisão do STF, alegando que as câmeras podem servir de ensinamento a criminosos e tornar as operações policiais mais perigosas. Além disso, ele alertou para o risco de vazamento de informações sobre as operações devido à localização GPS das câmeras.

Até o momento, 12.619 câmeras já foram implantadas, e outras 290 estão em fase de implantação, de um universo de 13 mil unidades contratadas. No entanto, a Polícia Civil ainda não utiliza as câmeras, mas há previsão de que elas sejam adotadas em breve, de acordo com um cronograma.

O Bope e a Core são as forças policiais responsáveis por operações que resultaram em alto número de mortes, como no Complexo do Alemão em julho de 2022 e na Vila Cruzeiro em maio de 2022. A operação policial na comunidade do Jacarezinho, liderada pela Core, foi considerada a mais letal do estado, resultando em 27 civis e 1 policial mortos em maio de 2021.

Portanto, a utilização das câmeras corporais por parte das forças policiais do Rio de Janeiro torna-se crucial para garantir a transparência e o controle da atuação policial, evitando abusos e fornecendo um registro oficial das operações. Mesmo com resistências por parte de alguns setores da polícia, a medida representa um avanço na busca por uma atuação mais segura e justa das forças de segurança.

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