Em entrevista ao jornal Estadão, o religioso declarou que não vê problemas na investigação das ONGs, mas ressaltou a importância de discutir políticas públicas e elaborar uma política de Estado, não apenas de governo. “Eles têm que discutir políticas públicas, métodos, e elaborar uma política de Estado, não de governo”, afirmou Júlio Lancellotti.
No entanto, o vereador Rubinho Nunes, autor da proposta de criação da CPI, afirmou que o padre Júlio seria um dos principais alvos do colegiado e criticou o que chamou de “máfia da miséria”. O pedido de abertura da CPI das ONGs teve o apoio inicial de 22 vereadores, mas quatro deles retiraram suas assinaturas, o que pode prejudicar a instalação da comissão.
A polêmica envolvendo a CPI das ONGs também gerou manifestações nas redes sociais, como a do arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, que criticou a intenção de investigar o padre Júlio por meio da comissão. Em entrevista à CNN Brasil, o religioso afirmou que também recebeu uma ligação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para prestar apoio e solidariedade.
Além disso, a proposta de abertura da CPI das ONGs antecipou o confronto eleitoral na Câmara Municipal entre apoiadores do prefeito Ricardo Nunes e aliados do pré-candidato do PSOL à Prefeitura, Guilherme Boulos. Em resposta à possível instalação da CPI das ONGs, a Bancada Feminista, mandato coletivo do PSOL na Câmara, trabalha para reunir as 19 assinaturas necessárias a fim de apresentar um pedido de abertura de uma CPI contra a gestão Nunes.
Aliado do prefeito, Rubinho Nunes tem explorado a proximidade entre Boulos e padre Júlio para atacar o pré-candidato do PSOL. A polêmica promete continuar a movimentar a cena política de São Paulo nas próximas semanas.