Ouvidor das polícias registra ocorrência de ameaça de morte e critica governador por declarações sobre câmeras corporais.

O jornalista compareceu a uma coletiva de imprensa convocada pelo ouvidor das polícias do estado de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, que fez duras críticas ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em relação à declaração sobre o uso de câmeras corporais por policiais militares. De acordo com Silva, o governador foi infeliz em afirmar que o uso das câmeras não é efetivo para aumentar a segurança da população. Ele destacou que todas as evidências apontam o contrário e enfatizou que essa política já existe há muito tempo no mundo.

Além disso, o ouvidor manifestou grande preocupação com o aumento de 34% no número de pessoas mortas por policiais militares em serviço no estado de São Paulo no ano passado, segundo levantamento feito pelo portal G1 a partir de registros do Ministério Público. Isso interrompeu um ciclo de redução da letalidade policial, o que, na sua opinião, é fruto de um discurso que estimula a corporação a matar mais.

Silva também alertou sobre execuções ocorridas ao longo de 2023, as quais envolveram não só o excesso policial, mas também fraude processual e omissão de socorro. Ele citou a operação Escudo, que resultou em pelo menos 28 mortos na Baixada Santista, se tornando a ação mais letal das forças paulistas desde o massacre do Carandiru.

O ouvidor enfatizou a injustiça da situação, ressaltando que os policiais, que ganham mal e não têm condições de se defender, são incutidos na subjetividade de que podem matar a torto e a direito, mas quando matam, se deparam sozinhos no banco dos réus. Ele ainda afirmou que a Ouvidoria das Polícias se viu no meio do fogo cruzado por defender o afastamento e a punição de policiais que cometeram excessos, e que não abrirá mão de uma atuação incisiva, ainda que divergente.

Silva também destacou a necessidade de debater a questão do adoecimento mental dos policiais em São Paulo, mostrando dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública que apontam o estado como o que mais registra suicídios de policiais da ativa no Brasil. Ele concluiu afirmando que a Ouvidoria continuará defendendo uma segurança pública que caminhe junto dos direitos humanos, sem abrir mão de defender as corporações e uma segurança pública forte que respalde o Estado democrático de Direito. Com essa atuação equilibrada, a Ouvidoria reforça seu compromisso com a defesa da vida e dos direitos dos policiais e da sociedade civil.

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