Na região centro-sul do estado do Amazonas, mais precisamente no povoado dos jumas, no município de Canutama, os efeitos da seca já se fazem sentir. O igarapé da Anta, que antes tinha um volume considerável de água, agora está reduzido, impactando diretamente na vida dos habitantes locais. A fumaça das queimadas também contribui para o agravamento da situação, afetando a qualidade do ar e aumentando o risco de problemas respiratórios e outras doenças.
A situação se torna ainda mais preocupante ao observar os dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que apontam que o estado do Amazonas registrou 3.900 focos de queimadas somente no mês de outubro, a pior taxa dos últimos 25 anos. Além disso, os índices de chuva foram os mais baixos dos últimos 40 anos durante os meses de julho a setembro, conforme pesquisa do Centro Científico da União Europeia.
Essa condição impactou negativamente os rios e a biodiversidade da região, afetando diretamente a vida dos indígenas. A água tem ficado mais escassa, e a preocupação com o futuro é crescente. A liderança indígena Mandeí Juma relata que as mudanças climáticas têm gerado impactos diretos na saúde da comunidade, resultando em um aumento de doenças e preocupações com o abastecimento de água.
A história dos jumas é marcada por um passado de sofrimento e resistência. Massacrados por fazendeiros locais, a etnia quase desapareceu, sendo transferida para uma aldeia em Rondônia. Somente a partir de 2012, após pressão da Funai e outras entidades, os jumas conseguiram retornar à sua terra indígena em Canutama.
Agora, enfrentam novos desafios, incluindo a pressão da grilagem, desmatamento, caça e pesca ilegais, e os impactos das mudanças climáticas. A preocupação com o futuro do povo juma é latente, especialmente em relação à preservação do território sagrado e da biodiversidade local.
Tudo isso reflete os desafios enfrentados pelas comunidades indígenas na Amazônia, que precisam lidar não apenas com as adversidades climáticas, mas também com as ameaças à sua cultura e sobrevivência. A luta pela preservação do meio ambiente e dos direitos indígenas continua, e é fundamental que a sociedade reconheça e apoie a importância dessas comunidades para a conservação da floresta e o equilíbrio ecológico da região.