Os números de apreensões de cigarros eletrônicos feitas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná mostram um aumento extremamente significativo de 1.131% este ano em comparação com o ano anterior. De acordo com o superintendente da PRF no Paraná, Fernando César Oliveira, o total de apreensões aumentou de 9.500 unidades entre janeiro e outubro de 2022 para 117 mil neste ano, no mesmo período. Essa situação tem gerado um alerta nas autoridades responsáveis pela repressão na fronteira paraguaia.
O superintendente atribui o aumento das apreensões à atração que produtos como cigarros eletrônicos e narguilé exercem sobre os jovens, o que pode acabar estimulando o tabagismo. Além disso, ele ressalta que esses produtos são contrabandeados por serem proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Anvisa, por sua vez, recomendou a manutenção da proibição da venda de cigarros eletrônicos no país e a abertura de uma consulta pública de 60 dias sobre essa proposta. A agência vem discutindo esse assunto há quatro anos e tem recebido manifestações de entidades médicas, da indústria e de outros países, que se posicionam sobre a questão.
Sobre as apreensões de cigarros eletrônicos na região, as formas de transporte desses produtos são variadas. A reportagem observou que um casal de idosos foi flagrado com cem cigarros eletrônicos em uma Range Rover avaliada em mais de R$ 500 mil. Além disso, o produto já foi encontrado até mesmo em uma ambulância que cruzou a fronteira.
De acordo com Cezar Augusto Vianna, chefe da fiscalização da Receita Federal na ponte da Amizade, a ilegalidade dos cigarros eletrônicos não se limita à quantidade, sendo a entrada desses produtos no país ilegal independentemente disso. Na cidade de Ciudad del Este, os produtos são oferecidos em grande variedade de marcas e com ofertas que barateiam o custo para compras em grandes quantidades.
Além disso, a facilidade em encontrar comerciantes de cocaína e armas em Ciudad del Este também é observada. A reportagem conseguiu encontrar vendedores que ofereciam armas de fogo, cocaína e supostos medicamentos, como Viagra, sem nenhuma dificuldade.
Diante dessa situação, a reportagem entrou em contato com a embaixada do Paraguai e o governo do país vizinho para questionar sobre possíveis medidas tomadas para enfrentar o contrabando, mas não obteve resposta. A facilidade com que esses produtos ilegais são encontrados nas ruas de Ciudad del Este mostra a necessidade de ações mais efetivas para combater o contrabando na região. A questão dos cigarros eletrônicos, em especial, necessita de um maior controle e fiscalização para evitar que mais jovens sejam atraídos para o tabagismo devido à disponibilidade desses produtos ilegais.