Após uma jornada de 45 dias, Yasuichi desembarcou no Porto de Santos com apenas US$ 50 e uma mala. Seu primeiro emprego no Brasil foi em uma fábrica de cerâmica em São Caetano do Sul, porém, após o patrão decidir cobrar aluguel pelo alojamento dos funcionários, Yasuichi não aceitou pagar e decidiu vender sua máquina fotográfica para construir seu próprio barracão.
Após trabalhar por cinco anos ininterruptamente, Yasuichi planejou sua demissão, fabricando katanas no horário de trabalho para garantir todos os seus direitos trabalhistas. Com o dinheiro economizado e a indenização recebida, Yasuichi deu entrada em um terreno de 5.800 metros quadrados em Mauá, onde fundou a fábrica de porcelana Kojima, que funciona até os dias de hoje.
Com a chegada da água e eletricidade na região e a naturalização brasileira de Yasuichi, a produção de porcelana ganhou notoriedade e passou a ser vendida para diversos restaurantes. O reconhecimento de sua técnica é evidente, com homenagens em locais como o Museu do Ipiranga em São Paulo, que exibe algumas de suas produções desde 2003.
Além de seu trabalho com cerâmica, Yasuichi também é apaixonado por pintura, utilizando a arte como uma terapia. Na sede da Porcelana Kojima, é possível ver milhares de moldes de vasos e quadros que contam a história da família. Yasuichi é casado com a também artista Moriyo Kojima, cujo relacionamento foi arranjado por um padrinho japonês. Juntos tiveram três filhos, nenhum dos quais demonstrou interesse em dar continuidade ao legado da família na cerâmica.
Recentemente, após 61 anos, a fábrica passou a utilizar fornos elétricos na produção de porcelana, e Yasuichi continua a compartilhar sua arte com oficinas de ikebana para alunos da região. Com 89 anos, o artista continua a impressionar com sua habilidade e dedicação à cerâmica, mantendo viva uma tradição familiar que ele teme perder com sua partida. O legado de Yasuichi Kojima certamente deixará uma marca duradoura na história da cerâmica no Brasil.