Ano de 2023 termina com recorde de temperaturas e coloca em risco Acordo de Paris, alertam cientistas.

No ano de 2023, a Terra alcançou a temida marca de ano mais quente já registrado na história. Dados coletados tanto diariamente quanto por estudos paleoclimáticos revelaram que as temperaturas atingiram níveis extremamente altos, sem precedentes nos últimos 125 mil anos. O observatório europeu Copernicus apontou que nas três primeiras semanas do mês de dezembro as temperaturas estiveram cerca de 1°C acima da média histórica para o período.

De junho a novembro, todos os meses bateram recordes de calor para aquela época do ano, com julho destacando-se como o mês mais quente da história recente da Terra, registrando cerca de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. A temperatura média global para 2023 alcançou a marca de 1,46°C acima da média pré-industrial até novembro, superando o recorde estabelecido em 2016, que era o ano mais quente até então.

Segundo o meteorologista Marcelo Seluchi, a junção do fenômeno do aquecimento global com o estabelecimento do El Niño explicam as temperaturas tão elevadas em 2023. O El Niño aquece as águas do oceano Pacífico, influenciando os padrões climáticos em todo o mundo. Seluchi também aponta que os oceanos absorvem parte do calor da atmosfera associado ao efeito estufa, mas quando esses limites são extrapolados, as águas ficam quentes demais e o El Niño tende a ser mais frequente.

Com as temperaturas elevadas, o ano de 2023 provocou desastres em todo o mundo, como tempestades em locais distantes uns dos outros e secas que impactaram a Amazônia e o Canadá. O físico Paulo Artaxo, membro do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), ressalta que esses eventos são uma amostra do futuro, caso as emissões de carbono vindas das atividades humanas não caiam significativamente.

As projeções do IPCC indicam que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem na mesma taxa, as temperaturas poderão aumentar para 2,5°C a 3ºC na segunda metade deste século. A principal fonte das emissões de carbono é a queima de combustíveis fósseis, e sem redução das emissões, as temperaturas extremas registradas em 2023 podem se tornar cada vez mais comuns.

O futuro não garantirá um ano mais quente do que o anterior, mas sim um aumento gradual e contínuo das temperaturas, tornando os ciclos de El Niño ainda mais quentes. As temperaturas elevadas de 2023 servem como um alerta para a urgência de ações que visem à redução das emissões de carbono e à contenção das mudanças climáticas. A marca histórica atingida em 2023 representa um aviso claro dos perigos que aguardam o planeta se nada for feito para mitigar o aquecimento global.

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