Com a idade avançada, Alayde precisou de uma lupa para continuar acompanhando as notícias sobre a pandemia nas páginas do jornal. Isolada em casa, encontrou uma maneira de falar sobre a situação do país com seus filhos, além de criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ela compôs uma música que cantava todas as noites para cada um dos filhos, expressando a importância de ficar em casa e a crítica ao ex-presidente.
A paixão de Alayde pela música vinha desde os tempos em que se apresentava nos palcos de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, cidade onde nasceu e viveu nos primeiros 30 anos de vida. Lá, ela tocava tambor nas fanfarras. Histórias de sua vida estão guardadas em mil páginas de cadernos que ela escreveu à mão ao longo dos anos.
Seu filho, o jornalista Ricardo Valladares, destaca que a mãe continuava a escrever suas histórias, mesmo com dificuldade motora e visual, até o último dia de vida. As memórias serão editadas e publicadas em um livro pela família, e Ricardo afirma que a maior obra de Alayde foi a família que ela formou ao lado de seu marido.
Premiada por sua confiança na ciência, Alayde passou pela pandemia e pôde aproveitar quase um ano inteiro de convívio com a família. Ela faleceu aos 98 anos, enquanto dormia, em seu apartamento em São Paulo, em 18 de novembro.
A professora Alayde deixa um legado de amor pela família e dedicação ao ensino, que ficará eternizado no livro a ser publicado por sua família. Sua história é um exemplo de força e sabedoria, e sua memória será honrada pelos que tiveram o privilégio de conhecê-la.