Família denuncia negligência e violência em presídio de São Luís, Maranhão: “Ele está bem magro, não come, está doente e eu não sei o que fazer”

No dia 9 de outubro, a dona de casa Daniela de Kele subiu apressada por quatro lances de escada até a casa de uma colega em São Luís, Maranhão, para contar a história do marido, Jhony Martins Barros. Barros, que está cumprindo pena no Complexo Penitenciário São Luís, conhecido como Pedrinhas, perdeu a visão do olho direito e teve três ossos quebrados após levar um tiro de borracha no rosto dado por um agente penal.

Segundo a reportagem, o complexo penitenciário fez avanços significativos nos últimos anos em termos de segurança e estrutura, apesar da terrível reputação que carrega devido a um dos piores massacres da história do sistema prisional em 2013 e 2014. No entanto, apesar desses avanços, ainda existem problemas como superlotação, aliciamento para facções e privação de direitos fundamentais.

Daniela decidiu quebrar o silêncio e falar sobre o caso do marido, apesar do medo de retaliação, como sua última tentativa de alterar o destino que se desenha para a vida dele. Ela teme que Barros perca a visão do outro olho, já que 40% dela já foi comprometida. Ele está cumprindo pena em regime fechado por tentativa de assalto desde junho de 2020.

O incidente que levou à perda da visão de Jhony Martins Barros ocorreu em 13 de março, quando agentes penais chegaram ao pavilhão em busca de um celular. Durante o procedimento, um tiro atingiu o rosto de Barros. A versão da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Maranhão é que o interno descumpriu a ordem de comando durante o procedimento de segurança, recusando-se a sair da cela.

No entanto, o relato dos familiares e das pessoas próximas do detento contradizem essa versão, alegando que não havia motivo para o agente utilizar arma de fogo, já que o detento se encontrava dentro de sua cela e não havia confusão.

Além do caso de Barros, outros detentos e familiares expressaram descontentamento com a violência dos servidores, a qualidade da comida, a escassez de itens de higiene e a necessidade urgente de consultas com médicos especialistas. Houve também relatos de negligência por parte do sistema prisional em casos de doenças, como tuberculose, que resultaram em morte.

Apesar dos desafios persistentes, o Secretário de Administração Penitenciária do Maranhão, Murilo Andrade de Oliveira, afirmou que houve mudanças significativas na estrutura e segurança do sistema prisional nos últimos 10 anos. Ele destacou que o estado tem uma das mais elevadas taxas de ocupação laboral entre sua população prisional, oferecendo oportunidades de trabalho e estudo.

Dentre as iniciativas de ressocialização, o sistema prisional tem se dedicado a diversificar as oportunidades laborais, proporcionando não apenas ocupação para os detentos, mas também a aquisição de habilidades profissionais. Um exemplo disso é o caso do detento Glauber Francisco Lopes Lima, que depois de ingressar no sistema em 2010 e sair em 2012, retornou à prisão por conta de um assalto, mas hoje trabalha na fábrica de móveis planejados do estado.

Apesar desses avanços, ainda persistem desafios no sistema prisional do Maranhão, mas é notório que houve esforços e progressos significativos para melhorar a segurança e condições de vida dos detentos, segundo relatos da reportagem.

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