A possibilidade de transferência de Zinho para uma unidade de segurança máxima fora do estado ainda não foi confirmada pelo governo do Rio de Janeiro. Dentro da cela, ele passará 22 horas e terá mais duas horas no banho de sol, no pátio, isolado.
Após se entregar na Superintendência da Polícia Federal, Zinho ainda não prestou depoimento. Investigações apontam que ele pode fazer uma delação premiada, revelando nomes de empresários, políticos e policiais envolvidos com a milícia. Recentemente, o Tribunal de Justiça do Rio afastou do cargo a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, conhecida como Lucinha, que é suspeita de ser o braço político de Zinho e de ter influenciado tentativas de mudanças de comandantes de batalhões que combatiam a quadrilha.
De acordo com policiais ouvidos pela reportagem, Zinho teria decidido se entregar devido a questões familiares e ao cansaço da vida de foragido. Até o momento, a defesa de Zinho não retornou as ligações e as mensagens da reportagem, mas em outras ocasiões, os advogados negaram todas as acusações contra ele.
Caso não seja transferido para um presídio federal após 30 dias, Zinho irá para a Penitenciária Bandeira Stampa, unidade prisional reservada para milicianos. Atualmente, há cerca de 500 presos na unidade, incluindo suspeitos de integrarem a quadrilha de Zinho.
A milícia exerce domínio em 812 das 833 áreas listadas pela Polícia Civil como de influência da milícia, cobrando taxas extras dos moradores, extorquindo comerciantes e forçando monopólios de serviços básicos, como gás e luz. Segundo o Geni/UFF (Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos), grupos milicianos ocupam quase 60% da região metropolitana.
Na última terça-feira, a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio realizaram uma operação contra Zinho e outros milicianos do mesmo grupo, que são suspeitos de praticar crimes como formação de milícia privada, extorsão, homicídios, lavagem de capitais, além de porte, posse ilegal e comercialização de armas de fogo. A investigação aponta que o grupo arrecadou mais de R$ 308 mil somente em fevereiro deste ano, com a cobrança de taxas feitas a grandes empresas do ramo da construção civil atuantes na zona oeste do Rio.
O Ministério Público afirmou que os criminosos utilizavam variadas contas para recebimento e circulação dos valores obtidos através das extorsões, no intuito de ocultar e dissimular a natureza, origem e a localização do dinheiro ilícito. A prisão de Zinho representa um avanço no combate à milícia no Rio de Janeiro, mas ainda há muito a ser feito para desmantelar esses grupos criminosos que exercem influência no estado.