Mesmo com tantos boletins de ocorrência registrados na Polícia Civil de São Paulo, Silva nunca teve notícias sobre a abertura de inquéritos. Ele afirma que a situação mudou desde que a Polícia Federal era responsável pelos casos, alegando que na Polícia Civil os investigadores não estão interessados em resolver os crimes.
A situação enfrentada por Marcos da Silva não é incomum em São Paulo. A maioria dos roubos de carga no estado não é investigada formalmente. Dados fornecidos pela Secretaria da Segurança indicam que de janeiro a setembro de 2023, foram registrados 4.424 crimes, mas apenas 494 inquéritos foram instaurados, representando somente 11,2% dos casos.
O inquérito policial desempenha um papel crucial na obtenção de provas para apoiar o Ministério Público nas denúncias. No entanto, a quantidade de roubos de carga informada pela polícia é maior do que a divulgada oficialmente pelo governo.
O delegado Bruno Guilherme de Jesus, do Procarga, afirmou que mais de 70% dos roubos de carga são falsos registros, envolvendo uma fraude conhecida como “chave na mão”. Essa declaração gerou consternação entre os motoristas e membros do setor, que rejeitaram o argumento do delegado.
A Polícia Civil alegou que houve divergência nos dados fornecidos e que vai apurar as circunstâncias relativas ao fato. Além disso, informou que tem trabalhado para ampliar a transparência e auditoria das estatísticas criminais do estado.
Em relação ao caso do motorista dos Correios, a polícia informou que não instaurou inquéritos por falta de elementos para iniciar uma investigação formal. As declarações do delegado e as divergências nos dados apresentam um cenário de conflito e incerteza em relação à investigação de roubos de carga no estado de São Paulo. A polícia se empenha em justificar suas ações, mas a insatisfação e as preocupações levantadas continuam a gerar controvérsias.