Segundo os pesquisadores, as aranhas ingerem uma quantidade significativa de insetos, o que levou à hipótese de que elas contam com inibidores de enzimas naturais. Para testar essa teoria, os cientistas isolaram e submeteram os inibidores a um tratamento térmico, e, após análises, descobriram que essas moléculas podem estar associadas à inativação da tripsina, uma enzima envolvida na degradação de proteína nas presas ingeridas pelas aranhas.
Além disso, a equipe do Butantan descobriu que os inibidores encontrados no organismo da Nephilingis cruentata têm propriedades larvicidas, ou seja, são capazes de eliminar larvas de insetos. Isso levanta a possibilidade de utilização dessas moléculas no combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de diversas doenças.
De acordo com Adriana Rios Lopes, pesquisadora do Laboratório de Bioquímica do Butantan, a molécula estudada demonstrou atividade larvicida em mosquitos da dengue e pernilongos comuns. A pesquisadora ainda ressalta a resistência termoestável desses inibidores, o que indica a possibilidade de desenvolvimento de inseticidas e nanopartículas contendo essas moléculas.
A descoberta abre caminho para novas pesquisas e desenvolvimento de tecnologias que possam ajudar no controle de mosquitos transmissores de doenças. A possibilidade de criação de inseticidas a partir desses inibidores pode representar uma importante ferramenta no combate a surtos de doenças transmitidas por insetos, impactando diretamente a saúde pública.
Portanto, o estudo realizado pelo Laboratório de Bioquímica do Butantan traz avanços significativos no entendimento do sistema digestivo das aranhas e abre possibilidades para a criação de novas estratégias no controle de doenças transmitidas por mosquitos. O trabalho dos cientistas representa um importante passo na busca por soluções inovadoras para a saúde e o bem-estar da população.