A etimologia também nos leva ao verbo derivado praesentare, que significa “apresentar, introduzir, dar(-se) a ver”, com a acepção figurada de “oferecer”, o que justifica a relação entre o presente-tempo e o presente-coisa. As línguas neolatinas já haviam consolidado o presente-oferenda na Idade Média, com o francês e o espanhol no século 12 e o português no século 13.
Ao explorar o conceito de presente e suas origens, somos levados à maior história de Natal da literatura brasileira, o conto “Natal na Barca” de Lygia Fagundes Telles. A história se destaca como uma obra-prima de apenas seis páginas, sendo um milagre possível para os desencantados e descrentes que entram numa história desse tipo com um sorriso irônico armado para se defender do kitsch.
Embora a clássica “Missa do Galo” de Machado de Assis também seja uma opção para a maior história de Natal da literatura brasileira, o conto de Lygia Fagundes Telles se destaca por produzir determinados efeitos de arrepio e inspiração condizentes com a data, algo essencial para uma história ser considerada “de Natal”. Com isso, desejamos um Feliz Natal aos leitores, com a recomendação de que encontrem tempo para desfrutar da história de “Natal na Barca” durante as festas de fim de ano.