Ministério dos Direitos Humanos deverá se manifestar sobre violação de direitos humanos no sistema carcerário do Rio de Janeiro

O Ministério Público Federal solicitou ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania que se manifeste, em um prazo de 30 dias, sobre a violação dos direitos humanos nos estabelecimentos penais do estado do Rio de Janeiro. A intenção é proteger os direitos das pessoas privadas de liberdade e evitar que o Brasil seja responsabilizado internacionalmente. Além disso, foi pedido ao Ministério da Saúde que avalie se o governo fluminense tem cumprido a política de atenção à saúde no sistema prisional, especialmente em relação às mulheres.

Os pedidos foram feitos pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro após a análise de relatórios do Grupo de Monitoramento do Sistema Carcerário da Justiça Federal do Rio de Janeiro e do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (MEPCT/RJ). Esses documentos mostraram um cenário generalizado de torturas, maus tratos, falta de higiene e atendimento médico inadequado, bem como violência física, sexual e psicológica.

Um relatório do MEPCT/RJ revelou um grande número de denúncias contra agentes do Setor de Operações Especiais, incluindo agressões verbais e físicas a grávidas algemadas na parte de trás de viaturas, percorrendo longas distâncias sem água e alimentação. As mulheres sob custódia também relatam agressões durante os partos realizados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Além disso, foi constatado que as práticas de violência contra mulheres e adolescentes detidas ocorrem em quase todas as unidades prisionais, com relatos de racismo, transfobia e até mesmo estupros sistemáticos por um agente.

O relatório destacou também a falta de notícias de filhos e familiares por parte das mulheres presas, além do tratamento humilhante recebido por travestis e pessoas trans. A morte de duas detentas também foi mencionada, uma delas em decorrência de atendimento precário e a outra em função de um incêndio supostamente provocado, com relatos de falta de atendimento a tempo na UPA.

A apuração do MPF foi iniciada a partir de um habeas corpus em que uma mulher presa em 2021 obteve a substituição da pena de prisão preventiva por medidas cautelares alternativas devido à falta de atendimento médico adequado. Em decorrência da gravidade dos fatos, o MPF iniciou uma investigação para conhecer a situação do atendimento à saúde de presos no Rio de Janeiro. O objetivo é concretizar os direitos dos detentos e evitar a responsabilização internacional do Brasil, uma vez que casos sobre a realidade do sistema prisional brasileiro já tramitaram na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

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