Apesar de algumas demandas terem sido atendidas durante negociações com o governo nos últimos meses, funcionários ligados a órgãos como CVM, CGU, Tesouro Nacional, Susep, Ibama e profissionais da educação seguem sem acordos. Essa falta de entendimento tem gerado impactos expressivos, como a paralisação das renovações e novas licenças de instalação e operação de autoridades ambientais por mais de 120 dias, o que acarretou em perdas de cerca de R$ 2,250 bilhões no setor de petróleo e gás, segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás.
O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, destacou que as empresas do setor estão deixando de produzir 40 mil barris de petróleo diariamente devido à falta de operação do Ibama. Essa situação não só afeta os negócios como também impacta a balança comercial, o PIB e a arrecadação de tributos, já que os royalties sobre a extração dos insumos deixam de ser recolhidos.
Além disso, outros setores como mineração e energia também têm sido prejudicados pelas paralisações do Ibama. Projetos ligados a essas áreas tiveram análises e emissões de autorizações interrompidas, impactando diretamente a atividade econômica desses setores.
Por outro lado, no setor automotivo, há cerca de 30 mil veículos aguardando liberação ambiental em portos, o que tem afetado as entregas de carros no mercado nacional e as exportações. O aumento do volume de carros importados, principalmente vindos da Argentina e China, antes da majoração da alíquota prevista para julho tem dificultado a internalização desses veículos.
No âmbito sindical, categorias que até então vinham realizando paralisações podem radicalizar seus movimentos, tendo em vista a falta de acordo em questões como reajustes salariais e condições de trabalho. O presidente do Fonacate alertou para possíveis desdobramentos negativos para o governo caso algumas categorias avancem em suas mobilizações.
O impasse entre o governo e os servidores públicos tem se arrastado devido às diferentes demandas e mudanças na estratégia de negociação. Enquanto isso, o impacto nas atividades do Ibama continua a ser sentido, com redução significativa nas ações de fiscalização e prevenção de catástrofes ambientais.
Diante desse cenário, especialistas defendem a necessidade de avançar nas discussões para além da recomposição salarial, incluindo avaliações de desempenho e qualidade dos serviços prestados. A construção de um Estado mais moderno passa pela abertura de diálogo entre governo e servidores, visando encontrar soluções que atendam às demandas das categorias sem prejudicar a atuação do serviço público e os setores afetados pelas paralisações.