Nesta segunda-feira (18), a corte realizou a segunda audiência de instrução e o juiz Ricardo Augusto Ramos ouviu o depoimento de uma testemunha sob proteção, além de duas profissionais da equipe do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf) da Universidade Federal de São Paulo, convidado pela Defensoria Pública para produzir pareceres sobre a causa de morte das vítimas e restituir os fatos com base em materiais audiovisuais.
A biomédica Ana Paula de Souza Velloso, do Caaf, afirmou em seu depoimento que concluiu, em seu parecer, que as nove vítimas da chacina morreram por asfixia mecânica, não por pisoteamento, tese defendida pelas famílias das vítimas. A suspeita é de que os jovens foram cercados em uma viela da Favela de Paraisópolis e, nessas circunstâncias, morreram por asfixia.
O Massacre de Paraisópolis ocorreu na noite de 1º de dezembro de 2019, e a conduta dos agentes de segurança pública, se confirmada, configuraria mais um caso de violência policial extrema. Os jovens assassinados naquele dia tinham entre 14 e 23 anos de idade. A abertura do processo contra os policiais foi resultado de uma denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo. A Defensoria Pública também elaborou um relatório de 187 páginas, repleto de detalhes, que, segundo os parentes das vítimas, comprovam excessos e abuso de autoridade por parte dos agentes do Estado.
A expectativa é que o julgamento dos policiais acusados de participação no Massacre de Paraisópolis gere grande comoção e aumente o debate sobre a atuação policial e a violência policial no Brasil, especialmente em comunidades carentes. É um caso que chama a atenção para a necessidade de uma investigação minuciosa e imparcial para que a justiça seja feita e para que casos semelhantes sejam evitados num futuro próximo.