Em sua infância, Lilia vivenciou a necessidade de cuidar do outro e da comunidade, algo que sempre foi muito natural para ela. Ela se recorda de cuidar de muitas crianças para que as mães pudessem ir trabalhar, um esforço coletivo para garantir que todas fossem cuidadas e amparadas. Essas experiências fazem parte das fontes de inspiração para a sua escrita, que começou aos 6 anos de idade, quando teve o seu primeiro contato com a literatura.
Ao longo dos anos, suas vivências, memórias e as pessoas ao seu redor se tornaram a base para as suas histórias e contos, muitos dos quais retratam as dores, delícias e graças concedidas aos habitantes das periferias, temas presentes em obras como “Amor Avenida”, “Perifobia” e “Rua do Larguinho e outros descaminhos”.
Lilia destaca que suas histórias abordam essencialmente o universo feminino, algo que vem naturalmente dada a sua observação das mulheres ao longo da vida, especialmente sua avó e sua mãe. Sua mais recente publicação, “O céu para os bastardos”, traz à tona a trajetória de Sá Narinha, uma trabalhadora doméstica que expõe os graves problemas sociais que assolam as periferias.
Além de sua carreira como escritora, Lilia lançou mais dois livros em 2022 e foi reconhecida com o Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres em 2023. Ela atribui a importância de contar histórias de mulheres subalternizadas e silenciadas como uma forma de exposição da realidade e como meio de reconhecimento pelas experiências compartilhadas.
Para aqueles que desejam seguir o caminho da escrita, Lilia oferece a dica de fazer anotações e ressalta que, apesar dos desafios, é possível alcançar o objetivo de compartilhar suas histórias com o mundo. Sua atuação não se restringe apenas às palavras, mas também ao trabalho no SUS, onde continua exercendo o cuidado e atenção ao próximo.