Desigualdades de saúde e fragilidades do SUS evidenciam necessidade de investimento no sistema público de saúde no Brasil

A pandemia do coronavírus expôs as desigualdades socioeconômicas e de saúde no Brasil, colocando em evidência a importância e as fragilidades do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o estudo “Mortalidade hospitalar por covid-19 no Brasil de 2020 a 2022: um estudo transversal baseado em dados secundários”, publicado no International Journal for Equity in Health, a covid-19 revelou variações na mortalidade de pacientes internados pela doença associadas não apenas à faixa etária e à gravidade do caso, mas também a desigualdades sociais, regionais e de acesso ao cuidado de qualidade.

A pesquisa utilizou diversos dados, como informações do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, Sistema de Informações Hospitalares do SUS e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Os resultados apontaram que mais de 70% das internações por covid-19 no Brasil foram cobertas pelo SUS, porém, o sistema apresentou pior mortalidade hospitalar ajustada em comparação com hospitais privados e filantrópicos não pertencentes ao SUS.

A análise revelou que a Região Sul do Brasil teve o melhor desempenho, enquanto a Região Norte teve o pior desempenho. Indivíduos negros e indígenas residentes em municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano e internados fora de sua cidade de residência apresentaram maiores chances de morrer no hospital. Além disso, as taxas ajustadas de mortalidade hospitalar foram mais altas nos momentos de pico da pandemia e reduzidas após a vacinação contra a covid-19 atingir uma cobertura razoável a partir de julho de 2021.

As pesquisadoras ressaltam a importância fundamental do SUS na prestação de cuidados de saúde, porém apontam fragilidades no desempenho das unidades hospitalares do SUS em comparação com o setor privado. Elas destacam a necessidade de investimento e melhoria do Sistema Único de Saúde, com enfoque nas causas das desigualdades na oferta, acesso e resultados do cuidado.

O estudo também alerta para a necessidade de investimento em infraestrutura de saúde, aumento do número de profissionais de saúde, melhor treinamento e suporte para esses profissionais, melhores salários e condições de trabalho. As autoras do artigo enfatizam que melhorias no SUS são essenciais para evitar a comprometimento do acesso universal aos serviços de saúde e para promover a equidade no cuidado de saúde para todos.

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