A demissão do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD-MT), na terça-feira, 12, levantou questões sobre as alianças no Congresso. Fávaro, que deveria estar ajudando na aprovação do candidato Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), acabou estendendo sua estadia no Senado e colaborou com a oposição para derrubar os vetos de Lula.
No caso do veto ao Marco Temporal, a decisão foi aprovada na Câmara por uma margem de 321 votos a favor e 137 contra, e no Senado por 53 a 19. Em relação à desoneração da folha, a derrota governista foi expressiva, com 378 votos contra e 78 a favor na Câmara, e 60 a 13 no Senado.
Além disso, líderes do governo no Senado, como os senadores Daniella Ribeiro (PSD-PB), Jorge Kajuru (PSB-GO), Professora Dorinha Seabra (União-TO), Weverton (PDT-MA) e Zenaide Maia (PSD-RN), mostraram desalinho com as pautas do governo, votando contra em pelo menos uma das duas questões em questão. Na Câmara, oito dos 18 vice-líderes do governo também se posicionaram contra os vetos de Lula.
Surpreendentemente, até membros do PT, partido do presidente Lula, votaram contra o veto. Zé Neto (PT-BA) e Paulo Paim (PT-RS) foram os dissidentes da sigla, respectivamente, na Câmara e no Senado. Outros nomes da esquerda, como Orlando Silva (PCdoB-SP), Duda Salabert (PDT-MG) e Duarte Júnior (PSB-MA), também se uniram à oposição.
A derrota do governo também foi evidenciada pela posição de 11 dos 12 deputados do PSB contra Lula na questão da desoneração, com exceção apenas da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), pré-candidata à Prefeitura de São Paulo.
Essas derrotas representam um grande revés para o governo de Lula da Silva e demonstram um enfraquecimento da base governista no Congresso. A capacidade de articulação e negociação do governo será crucial para lidar com essa situação e recuperar o apoio parlamentar necessário para suas pautas.