A empresa emitia notas fiscais nos valores correspondentes aos depósitos e conseguia justificar a saída dos produtos químicos para o narcotráfico, segundo o relatório da investigação. Foram detectadas 60 vendas fraudulentas, repetindo o mecanismo que atendeu uma rede completa de traficantes. Além disso, um dos depositantes não identificou créditos feitos à Anidrol com o nome de uma indústria química.
A Polícia Federal afirmou que a Anidrol era “peça do mecanismo engendrado para o tráfico de drogas” e que a transação com a empresa é mais um indício que mostra a participação de pessoas na engenharia financeira que alimentou o tráfico de drogas. Os produtos químicos que saem da fábrica de Cariani devem ser declarados à PF, e foram detectadas vendas de lidocaína, fenacetina e manitol, utilizados no processamento de entorpecentes.
Durante a investigação, a PF encontrou uma intimação da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes – DISE, para que Roseli Dorth prestasse esclarecimentos sobre a venda de “tricloroetileno”, utilizado para a fabricação de lança-perfume, para um traficante da Grande São Paulo. As vendas, entre 2014 e 2017, ultrapassaram o valor de R$ 360 mil.
A equipe da CNN entrou em contato com Renato Cariani e Roseli Dorth. O primeiro não retornou até a publicação da reportagem. Roseli enviou uma nota afirmando que todos os esclarecimentos serão prestados às autoridades e que a empresa nunca praticou qualquer ilegalidade, respeitando todas as exigências previstas na legislação.
Portanto, as diversas inconsistências e episódios suspeitos expostos pela PF indicam uma complexa associação para o tráfico de drogas, de acordo com o relatório do MPSP. A investigação continua e aguarda-se a conclusão das autoridades competentes para esclarecer todos os fatos.