A administração municipal de São Paulo irá congelar a tarifa de ônibus em R$ 4,40, mantendo-a no mesmo valor desde janeiro de 2020. Esta decisão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) é parte de sua estratégia eleitoral para tentar se reeleger. Enquanto isso, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou um aumento na tarifa do metrô, CPTM e EMTU para R$ 5 no próximo ano.
Essas decisões terão impacto direto nos cofres públicos, já que a Prefeitura de São Paulo é quem custeia grande parte do transporte público na cidade. No ano passado, a gestão municipal destinou R$ 5,2 bilhões como forma de subsídio às empresas, cobrindo 51% dos gastos totais da operação, que chegaram a R$ 10,3 bilhões.
Com a manutenção da tarifa congelada, a proporção do subsídio irá aumentar inevitavelmente. Entre janeiro e outubro deste ano, a gestão de Nunes já transferiu às empresas R$ 4,9 milhões, o que representa 54% de toda a operação no mesmo período. Estima-se que até o final do ano, o subsídio chegue perto de R$ 6 bilhões.
A decisão de manter a tarifa congelada tem sido justificada pela necessidade de apoio eleitoral, principalmente diante da expectativa de reeleição. No entanto, isso irá afetar ainda mais os cofres públicos, já que as receitas de tarifas tiveram uma queda significativa, resultante da perda de usuários desde o início da pandemia de Covid-19.
Especialistas alertam que a gratuidade aos domingos, proposta pelo prefeito para beneficiar 2,2 milhões de passageiros, terá um custo anual de R$ 238 milhões. Eles também preveem que a demanda de usuários irá aumentar, resultando em um aumento da tarifa de remuneração por passageiros paga pela prefeitura às empresas de ônibus.
Além disso, questões como aumento de gastos com frota, manutenção, combustível, mão de obra e infraestrutura dos terminais também pressionam os cofres da prefeitura. Há um descompasso entre o custo real da tarifa, estimado em R$ 8,70, e o valor congelado de R$ 4,40, o que evidencia a necessidade de um subsídio maior por parte do poder público.
Diante desses desafios financeiros, a proposta orçamentária da Prefeitura de São Paulo para 2023 prevê um aumento de 16% em comparação com o ano anterior, chegando a R$ 110,7 bilhões. No entanto, resta saber como o poder público irá custear todos esses gastos, incluindo o transporte público, sem comprometer ainda mais a situação dos cofres públicos.