Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou que uma simples caminhada de 30 minutos em intensidade moderada é capaz de reduzir temporariamente a pressão arterial de pacientes com artrite reumatoide. Além disso, os testes realizados mostraram que as mulheres com a doença autoimune e hipertensão apresentaram melhora não apenas durante o repouso, mas também em situações estressantes, como testes cognitivos e físicos, que tendem a elevar a pressão arterial desses pacientes.
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória autoimune que causa dor articular e incapacidade funcional, e pode apresentar a pressão alta como um problema secundário. As doenças cardiovasculares são a maior causa de morte em pessoas com artrite reumatoide, e estudos anteriores demonstraram que esses pacientes têm um risco 50% maior de morte cardiovascular em comparação com a população em geral.
Segundo os pesquisadores, a artrite reumatoide está intrinsecamente ligada a problemas de hipertensão devido à alta inflamação e aos efeitos deletérios de alguns medicamentos usados no tratamento da doença autoimune sobre a função e a estrutura dos vasos sanguíneos. Por isso, é necessário pensar em estratégias não farmacológicas que complementem o controle da pressão arterial para esses casos.
O estudo foi apoiado pela Fapesp no âmbito de um projeto temático que investiga os efeitos da redução do sedentarismo em diferentes populações clínicas. Os pesquisadores ressaltam que o exercício físico é uma das melhores maneiras não farmacológicas de controlar a pressão arterial de forma geral, mas ainda não se sabia exatamente o que acontecia com pessoas que têm artrite reumatoide e hipertensão como consequência da doença autoimune.
Os resultados do estudo mostraram que o exercício físico teve um impacto positivo no manejo cardiovascular e como uma forma complementar de controle da pressão arterial desses pacientes. Além disso, os pesquisadores destacaram que os resultados obtidos com pacientes com artrite reumatoide podem ser extrapolados para outras doenças inflamatórias autoimunes, como lúpus, artrite psoriática, miopatias inflamatórias e lúpus juvenil, devido às semelhanças na inflamação e nas consequências para a pressão arterial.
Durante o estudo, as voluntárias passaram por testes que simulavam situações estressantes, como estresse cognitivo e estresse físico por dor, e os resultados mostraram que o exercício físico foi capaz de reduzir temporariamente a pressão arterial sistólica das pacientes, mesmo durante esses eventos estressantes. Em média, a caminhada de 30 minutos reduziu 5mmHg na pressão arterial sistólica, o que pode contribuir para um melhor controle da hipertensão na artrite reumatoide ao longo do tempo.
Os pesquisadores destacaram a importância do achado sobre o papel do exercício aeróbico na redução da pressão arterial mesmo nos testes que simulavam eventos estressantes, como estresse mental e dor física, que são conhecidos por aumentar o risco de eventos cardiovasculares. A redução da pressão arterial sistólica provocada pelo exercício físico é considerada um fator importante para a redução do risco de mortalidade por AVC, doença arterial coronariana e mortalidade em geral para indivíduos hipertensos.
Em resumo, os resultados do estudo indicam que o exercício físico pode ser um aliado importante no controle da pressão arterial em pacientes com artrite reumatoide, ajudando a prevenir complicações associadas à hipertensão e contribuindo para um melhor manejo cardiovascular. A pesquisa abre portas para o desenvolvimento de estratégias não farmacológicas que complementem o tratamento da pressão arterial em pacientes com doenças autoimunes inflamatórias, trazendo benefícios significativos para a saúde desses pacientes.