De acordo com a investigação, Fábio Spinola Mota, apontado como membro do PCC, teria sido o elo que ligou Cariani à facção criminosa. Mota foi preso no início deste ano em outra operação da PF, a Operação Downfall, que investigou um esquema de tráfico internacional e interestadual de drogas, com diferentes ramificações pelo Brasil.
A operação da Polícia Federal, batizada de Hinsberg, foi desencadeada na última terça-feira (12) e teve como alvos, além de Cariani e Mota, também Roseli Dorth, sócia do influenciador em uma empresa para venda de produtos químicos, a Anidrol Produtos para Laboratórios Ltda., situada em Diadema.
A principal hipótese da polícia é que parte do material adquirido legalmente pela Anidrol era desviada para a produção de cocaína e crack. Para justificar a saída dos produtos, eram emitidas notas fiscais falsas e depósitos em nome de laranjas, usando indevidamente o nome da multinacional AstraZeneca.
Durante a investigação, foram desviadas aproximadamente 12 toneladas de produtos como acetona, éter etílico, ácido clorídrico, cloridrato de lidocaína, manitol e fenacetina, substâncias utilizadas para transformar a pasta base de cocaína em pó (cocaína) ou em pedras (crack).
“A gente não pegou a droga, porque essa informação só chegou para a gente em 2021. Então, os produtos já haviam sido desviados”, afirmou o delegado Fabrizio Galli, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF.
A estimativa da PF é que o esquema de desvios de produtos possa ter rendido ao grupo valores superiores a R$ 6 milhões. O influenciador e os demais suspeitos devem ser denunciados sob acusação de tráfico equiparado, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro, com penas que podem ultrapassar 35 anos de reclusão.
Diante de toda essa repercussão, Cariani se manifestou nas redes sociais afirmando estar tranquilo. Ele também destacou que a empresa possui mais de 40 anos de atuação e opera com todas as licenças necessárias.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início após a Receita Federal detectar depósitos em dinheiro, no valor de R$ 212 mil, aparentemente feitos pela AstraZeneca. A empresa negou tal movimentação e também qualquer ligação com a empresa do influenciador.
A investigação tem abrangência no período de 2016 a 2020 e novas fases devem ser desencadeadas. Esta semana, a Operação Hinsberg trouxe à tona um escândalo que envolve não apenas o mundo virtual, mas também o mundo do crime e da investigação policial. As investigações devem seguir e novos desdobramentos são aguardados nos próximos dias.