Os dados constam de um relatório produzido pelo Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, divulgado recentemente. O comitê busca evidenciar os impactos ambientais e violações de direitos resultantes da atividade minerária no Brasil. Em meio ao contexto de desregulamentação das políticas ambientais, abertura de novas áreas para mineração e incentivo ao garimpo institucionalizado, o relatório visa destacar as consequências dessas práticas.
Os conflitos gerados pela mineração afetaram diretamente 155.983 indígenas, que estiveram presentes em 141 ocorrências, com mais da metade delas envolvendo garimpeiros. Além disso, as mineradoras internacionais tiveram responsabilidade significativa em 25,7% dos casos envolvendo povos originários. Os quilombolas também estiveram no centro de 35 conflitos, impactando mais de 49.000 pessoas, enquanto ribeirinhos, pescadores, extrativistas, posseiros, geraizeiros e camponeses de fundo de pasto foram outras vítimas das disputas de poder.
O relatório também destaca os grupos mais afetados pela mineração, como indígenas, trabalhadores, população urbana e pequenos proprietários rurais. Além disso, evidencia que a extração ilegal de minérios, especialmente os garimpos, esteve por trás de 29,1% dos casos documentados, afetando 235 localidades em 22 estados.
A análise do relatório revelou também a ocorrência de casos de violência extrema associados à mineração, incluindo 45 mortes, 19 casos de trabalho análogo à escravidão, sete de ameaça e cinco de ameaça de morte e dois de trabalho infantil.
É importante ressaltar que, apesar das desigualdades presentes nas disputas, houve reações contra as violações praticadas, com 132 manifestações, cartas públicas, bloqueios de via, ocupações e ações judiciais.
Diante desses dados, o relatório traz à tona a necessidade de um debate mais amplo sobre os impactos da mineração no Brasil e a urgência de medidas que visem garantir a proteção dos direitos das comunidades afetadas e a preservação do meio ambiente.