O estudo da vacina começou em 2015, quando o Brasil enfrentou uma epidemia do Zika. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2015 e 2022, o país registrou quase 1.900 casos de microcefalia causados pelo vírus. Essa condição pode causar uma série de problemas para as crianças, como convulsões, atrasos no desenvolvimento, deficiência intelectual, entre outros.
A vacina em desenvolvimento pelo Instituto Butantan é composta pelo vírus inativado, uma plataforma considerada mais segura para aplicação em gestantes. Estudos de prova de conceito realizados em animais mostraram que a vacina é capaz de gerar anticorpos neutralizantes contra o Zika. A próxima etapa é realizar testes pré-clínicos de segurança para verificar a tolerabilidade e possíveis reações adversas, previstos para agosto de 2024.
Apesar de estar em um estágio inicial, a expectativa em relação à nova candidata a vacina é positiva. Ela utiliza técnicas clássicas de produção, além de um adjuvante tradicional, o hidróxido de alumínio, que é considerado seguro pela comunidade científica. A vacina também possui uma grande vantagem tecnológica, já que está sendo desenvolvida no Brasil desde a bancada até o produto final.
O estudo da vacina contou com o apoio do órgão Biomedical Advanced Research and Development Authority (BARDA), do governo dos Estados Unidos. O Instituto Butantan já possuía um acordo com o BARDA e a Organização Mundial da Saúde (OMS) para desenvolver um imunizante contra a gripe aviária, que foi estendido após a emergência do Zika em 2015.
O processo de produção da vacina envolve a multiplicação das células em biorreator, a inativação do vírus e a purificação do material. O produto final pode ser armazenado em refrigeração comum, o que facilita a logística de distribuição. Atualmente, existem dois imunizantes estrangeiros sendo estudados em pacientes, mas a vacina desenvolvida pelo Butantan possui a vantagem de ser produzida de forma independente no Brasil.
O custo para a saúde pública brasileira relacionado ao Zika foi de R$ 4,6 bilhões em 2015 e 2016, o que ressalta a importância do desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o vírus. A expectativa é de que o progresso nas pesquisas do Instituto Butantan possa trazer soluções para esse problema de saúde pública que afeta não só o Brasil, mas toda a América Latina.