Um desses bairros é Little Haiti, localizado a 8 km da luxuosa Miami Beach. Os moradores relatam um aumento significativo nos valores dos aluguéis, uma situação que está impactando diretamente a comunidade. Reina Cartagena, dona do Adelita’s Café, viu seu aluguel dobrar em menos de um ano, forçando muitos de seus clientes a deixar a região. “Sinto que vou ser deslocada”, afirma ela. “O aluguel é realmente muito alto e não estou conseguindo fechar as contas.”
A gentrificação, ou seja, a substituição da população local por moradores de renda mais alta, também é uma preocupação em Little Haiti. Empreendimentos imobiliários como o Magic City, com um projeto de arranha-céus no valor total de US$ 1 bilhão, estão contribuindo para a transformação do bairro. No entanto, um fundo de US$ 31 milhões do empreendimento está sendo direcionado para o financiamento de moradias de baixo custo e outros benefícios públicos na região.
Outro ponto que torna Little Haiti atraente para investidores é a sua localização em uma colina de calcário, cerca de 5,5 m acima do nível do mar, fornecendo uma proteção potencial contra os impactos das mudanças climáticas. O Centro Climático da Flórida estimou que o nível do mar em Miami subiu 15 cm nos últimos 31 anos, com projeções que indicam aumentos similares nos próximos 15 anos. Estas previsões têm gerado acusações de gentrificação climática, um processo pelo qual pessoas ricas deslocam pessoas mais pobres de regiões mais preparadas para suportar os impactos das mudanças climáticas.
Renita Holmes, ativista local e moradora de Little Haiti, conta que o aumento da umidade tem impactado a saúde dos moradores. Ela mudou de casa quatro vezes nos últimos três anos, procurando imóveis mais baratos e com melhor manutenção. No entanto, ela afirma que é resiliente e luta para proteger a beleza e identidade de Little Haiti, promovendo o direito à moradia das comunidades marginalizadas.
Conforme a cidade de Miami enfrenta os desafios do aumento do nível do mar e da gentrificação, é fundamental encontrar soluções que protejam as comunidades mais vulneráveis e preservem a identidade dos bairros afetados. A resiliente atuação de ativistas como Renita Holmes e a busca por investimentos que beneficiem a população local são passos importantes nesse processo de transformação.