Exército não consegue informar com precisão número de armas furtadas ou desviadas de seus quartéis, revela Lei de Acesso à Informação

O Exército brasileiro está enfrentando problemas para fornecer informações precisas sobre a quantidade de armas furtadas ou desviadas de seus quartéis, de acordo com dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação. Essa discrepância nos dados foi identificada pelo Instituto Sou da Paz ao fazer um pedido de informação em 2023, refazendo um pedido anterior feito em 2020.

Ao longo dos anos, os dados fornecidos pelo Exército variaram significativamente. Em 2020, os desvios estariam restritos a um número limitado de armas em comparação com os dados de 2023. Essa disparidade levanta questões sobre o controle interno da Força e torna difícil analisar as razões por trás dos furtos de metralhadoras e fuzis de uso restrito.

Segundo o gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, a divergência nos dados é considerada “inadmissível” e mostra a necessidade de exigir do Exército mais clareza sobre esses números. Ele também observa que a ausência de dados precisos torna difícil para a sociedade civil ter conhecimento dos furtos de armas, que muitas vezes envolvem a cooptação de militares de dentro da própria Força.

Além disso, os generais e coronéis ouvidos pela Folha afirmaram que o Exército não possui um sistema informatizado único que reúna informações sobre furtos de armas. Geralmente, os casos de furto de armas são comunicados ao Comando do Exército, e as providências para a recuperação do armamento são tomadas pela própria organização militar alvo do desvio.

Um dos casos mais emblemáticos de furto de armas foi o sumiço de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra em Barueri (SP), que completou três meses em outubro de 2023. O Exército identificou suspeitos de furtar as armas e investiga a possível cooptação de militares no caso.

Apesar da recuperação de 19 das 21 metralhadoras furtadas, ficam evidentes as deficiências nos sistemas de controle interno do Exército, que colocam em risco a segurança pública e a defesa do país. A falta de transparência e o descontrole das armas de fogo representam um alerta grave que precisa ser enfrentado.

Diante da gravidade dos casos de furto de armas, torna-se imperativo que as autoridades exijam do Exército uma prestação de contas mais clara e efetiva, a fim de garantir a segurança da população e a integridade das instituições militares. A transparência e a responsabilização são fundamentais para superar esses desafios e prevenir futuros incidentes.

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